sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Parlamento turco autoriza ação militar contra organização terrorista Estado Islâmico

O Parlamento turco autorizou o governo a enviar tropas para combater os jihadistas terroristas na Síria e Iraque. De 550 deputados, 298 votaram a favor, nesta quinta-feira, da autorização de mobilizar tropas nos dois países vizinhos e dar passagem a tropas estrangeiras pelo território turco para lutar contra o Estado Islâmico (EI, o Califado). Depois de ter rejeitado explicitamente uma participação na coalizão internacional anti-jihadista liderada pelos Estados Unidos, a Turquia deu um passo atrás e se dispôs a cooperar na guerra contra o grupo terrorista. O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, convocou uma reunião com os principais líderes militares e da sociedade civil logo após a votação para explicar as modalidades do envolvimento turco na coalizão. De acordo com a imprensa turca, o governo não deve se envolver diretamente nas operações militares nos países vizinhos, mas se concentrar em abrir algumas de suas instalações aos aliados, entre elas a base aérea de Incirlik (sul), para operações humanitárias. "Não podemos esperar medidas imediatas logo após a votação", alertou o ministro da Defesa, Ismet Yilmaz, antes do debate parlamentar. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, reiterou nos últimos dias que seu país estava pronto para fazer "tudo o que for necessário" para combater o Estado Islâmico, mesmo lembrando que a queda do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, continua a ser uma de suas "prioridades". Erdogan justificou a decisão pelo sequestro de 46 cidadãos turcos, ocorrido em junho na cidade iraquiana de Mossul. Os reféns foram libertados em 20 de setembro. O chefe de Estado, que considerou na quarta-feira que os atuais ataques aéreos não passam de uma "solução temporária", defende a criação de uma zona tampão no norte da Síria destinada a proteger os refugiados sírios e o território turco. "O único alvo deste texto é a organização terrorista que quer acabar com a tranquilidade deste país", afirmou Yilmaz ao Parlamento, acrescentando que seu país não pode "fechar os olhos" para os abusos cometidos pelo grupo terrorista sunita. O principal partido de oposição, o Partido Republicano do Povo (CHP, socialdemocrata), e o Partido Democrata do Povo (HDP, pró-curdo) votaram contra o projeto de resolução, considerando-o "pouco claro" e "limitado". A votação foi realizada no momento em que os combatentes do Estado Islâmico estavam nas proximidades da cidade síria de Kobane (Ain al-Arab, em árabe), a poucos quilômetros da fronteira com a Turquia.

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