domingo, 12 de outubro de 2014

Operação Lava Jato abre leque de contratos sob suspeita em áreas estratégicas

A Polícia Federal e a Procuradoria da República estão realizando uma devassa em contratos de concessões públicas em áreas estratégicas como saneamento, energia, aeroportos e rodovias. As investigações foram abertas a partir de documentos apreendidos com o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa no âmbito da Lava Jato. O material indica os tentáculos do grupo doleiro Alberto Youssef em outras áreas importantes da administração. O grupo é acusado de manter um esquema de loteamento político, corrupção, superfaturamento, desvios de recursos e lavagem de dinheiro na Petrobrás, que abastecia o caixa 2 de partidos como PT, PMDB e PP. O esquema envolvia empreiteiras em "cartel" na estatal petrolífera. "Essas empresas tinham interesses em outros ministérios capitaneados por partidos. As empresas são as mesmas que participaram de várias outras obras no Brasil, como ferrovias, rodovias, aeroportos, portos, usinas hidrelétricas, saneamento básico, Minha Casa Minha Vida", afirmou Costa à Justiça Federal, após a delação premiada. "Se ela (empresa) deixasse de contribuir com determinado partido, isso ia refletir em outras obras no governo", explicou Costa. Ele disse não se lembrar "de nenhuma empresa que deixou de pagar" a propina. Costa revelou que as diretorias da Petrobrás eram loteadas entre as três siglas. O esquema serviu para bancar campanhas em 2010. "Usam muito a oração de São Francisco 'é dando que se recebe'", contou Costa. São ao todo 140 procedimentos abertos a partir do processo principal da Lava Jato. Pelo menos 40 têm como alvos as empresas que operaram com Paulo Roberto Costa e Youssef. A frente de investigações inclui pelo menos três grandes concessões assinadas nos governos Lula e Dilma. Um deles envolve o grupo espanhol OHL (atual Arteris), e o primeiro pacote de concessões de rodovias federais, em 2007, por Lula. O grupo venceu cinco dos sete trechos leiloados, em grandes rodovias como Fernão Dias (BR-381), pelo valor de R$ 4,3 bilhões, e três trechos da Regis Bittencourt (BR-116), totalizando R$ 9,6 bilhões. Entre os documentos apreendidos na casa de Paulo Roberto Costa há referências a contratos intermediados por ele com a OHL. Num deles, o ex-diretor da Petrobrás registra uma reunião no dia 16 de janeiro de 2013, sob o nome OHL e as referências: "concessões de rodovias", "(15%)" e "consórcio c/ empresas brasileiras". Um alvo é a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos S.A. Uma empresa investigada na Lava Jato como ligada a Youssef, a UTC Participações, integra o consórcio que venceu em 2012 o leilão do aeroporto de Campinas, pelo valor de R$ 3,8 bilhões.

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