sábado, 18 de outubro de 2014

Dilma admite desvios no esquema de corrupção da Petrobras: ‘Houve, viu?’

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, admitiu neste sábado, pela primeira vez, que houve desvio de dinheiro público no esquema de corrupção na Petrobras citado em depoimentos de delação premiada pelo ex-dirigente da estatal Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef. Em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, Dilma afirmou que faria “o possível” para que os valores desviados sejam devolvidos aos cofres públicos. A presidente também demonstrou que o tom da campanha até o segundo turno da eleição continuará sendo de ataques contra o adversário Aécio Neves (PSDB). "Eu farei todo o meu possível para ressarcir o País. Se houve desvio de dinheiro público, nós queremos ele de volta. Se houve, não; houve, viu?" — afirmou a presidente, que não costuma admitir erros. Ela, no entanto, disse não saber estimar o valor do desvio. "Daqui para frente, a não ser que eu seja informada pelo Ministério Público ou pelo juiz, não tenho medida nenhuma a tomar, não é o presidente que processa. Eu tomarei todas as medidas para ressarcir tudo e todos, mas ninguém sabe ainda o que deve ser ressarcido, porque a chamada delação premiada, onde tem os dados mais importantes, não foi entregue a nós. Até eu pedi, como vocês sabem, tanto ao Ministério Público, quanto para o ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, mas ambos disseram que estava sob sigilo", disse Dilma. O órgão regulador do mercado americano, a Segurity Exchange Comission, abriu investigação para saber se o escândalo na Petrobras prejudicou acionistas. Beneficiado pela delação premiada, Paulo Roberto envolveu políticos do PT, do PMDB e do PP, base aliada do governo. As denúncias começaram a partir da Operação Lava-Jato, deflagrada em março pela Polícia Federal, para investigar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou R$ 10 bilhões ilegalmente. Sobre a citação do ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto em março deste ano, na delação premiada de Paulo Roberto Costa, como receptor de propina para que esvaziasse a CPI da Petrobras em 2009, Dilma disse que não iria “comemorar” o vazamento seletivo, que antes havia atingido apenas partidos da base aliada, inclusive o PT. A presidente defendeu que todos os integrantes de partidos que tenha praticado “mal feitos” têm de pagar. "É interessante notar que os vazamentos seletivos acontecem para todos os lados. Isso não é bom, não vou aqui comemorar nada, só acho que o pau que bate em Chico, bate em Francisco. Essa é uma lei, né?" - pontuou Dilma. "Não acho que alguém no Brasil tenha a primazia da bandeira da ética. O retrospecto do PSDB não lhe dá essa condição, acho que não dá a partido nenhum. Todos os integrantes de partido que tenham cometido crime, delito, mal feito, têm de pagar por isso. Ninguém está acima de qualquer suspeita no Brasil", completou. De acordo com o jornal “O Estado de S.Paulo”, Paulo Roberto Costa afirmou na delação que o esquema de corrupção na estatal repassou R$ 1 milhão à campanha da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em 2010. O marido da senadora, o atual ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, e na época ministro de Planejamento, Orçamento e Gestão do governo Lula, foi quem teria recebido o dinheiro. Questionada se pretende amenizar os ataques contra o adversário tucano após ações no Tribunal Superior Eleitoral e críticas nos bastidores de integrantes da Corte em relação ao tom bélico da campanha, a presidente negou que o TSE tenha feito qualquer intervenção em sua campanha, alegando que as ações ainda não foram julgadas e, apesar de dizer que o baixo nível deve ser “superado”, deu demonstrações de que devem prevalecer os ataques a Aécio Neves nessa reta final. "Eu não concordo que o TSE teve qualquer intervenção na minha campanha. Gostaria de saber onde e quando. Acho que isso ainda será julgado. Eu acredito que o que é baixo nível da campanha é algo que deve ser completamente superado", disse Dilma.

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