sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Déficit das contas externas quase triplica e chega a US$ 7,9 bilhões, o maior desde 1947

Nem mesmo a alta de quase 10% do dólar – que poderia impulsionar as exportações e frear os gastos – fez com que o Brasil não registrasse o pior rombo nas contas externas em setembro. Muito pelo contrário. O déficit cresceu nada menos que 186% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado de todas as trocas de serviços e comércio com o restante do mundo ficou negativo em US$ 7,9 bilhões: o maior desde 1947, quando o Banco Central começou a registrar os dados. O rombo acumulado nos últimos 12 meses representa 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB). É a pior relação desde fevereiro de 2002. O déficit de setembro veio muito acima do previsto pelo Banco Central. A aposta da autarquia era de um resultado negativo de US$ 6,7 bilhões. Essa disparada do rombo das contas externas foi provocada pelo déficit da balança comercial em setembro de US$ 940 milhões. O País ainda gastou US$ 4,7 bilhões em serviços. Praticamente a metade disso é de gastos com viagens internacionais. Apesar do dólar mais caro, o brasileiro bateu novamente um recorde de despesas em viagens ao Exterior. Só em setembro, o turista deixou US$ 2,4 bilhões lá fora: nunca o Banco Central registrou uma gastança desse tamanho nesse mês. É ainda o segundo maior gasto para qualquer mês. Só perde para julho, período de férias escolares. "Houve uma redução da corrente de comércio tanto das exportações quanto das importações. Agora, em setembro, houve queda maior das exportações. A gente pode atribuir isso a perda de preços de itens importantes da nossa pauta", explicou o chefe do departamento econômico do Banco Central, Túlio Maciel. No ano, as chamadas transações correntes acumulam um rombo de US$ 62 bilhões. É outro recorde. Em outubro, deve ser registrado um novo déficit de 6,6 bilhões, segundo a projeção do Banco Central. Mesmo com a sequência de dados negativos, o Banco Central repete que não há preocupação em relação à situação das contas externas brasileiras. "O fundamental aqui é olhar as condições de financiamento. E essas condições estão confortáveis", garantiu Maciel. Ele refere-se aos investimentos que chegam no País. Apesar de estar mais dependente de capitais especulativos, o Brasil recebe uma boa quantidade de recursos de boa qualidade. E em setembro, houve surpresa positiva: os investimentos estrangeiros diretos, aqueles que chegam para ampliar a capacidade de produção das fábricas, foram de US$ 4,2 bilhões. A expectativa do Banco Central era de uma entrada de US$ 3 bilhões.

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