quarta-feira, 3 de setembro de 2014

NO ÚLTIMO ENCONTRO ANTES DAS ELEIÇÕES, COPOM MANTÉM A TAXA SELIC EM 11% AO ANO

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reiterou o fim do aperto monetário dos últimos 15 meses e manteve a taxa Selic em 11% ao ano. A decisão foi unânime, sem viés - ou seja, é válida até o próximo encontro, em 28 e 29 de outubro. Trata-se da terceira vez que o Comitê mantém o juro básico da economia em 11%. A Selic chegou em tal patamar na reunião de abril deste ano. A autoridade monetária iniciou a trajetória de subida em abril do ano passado, quando a taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011. Em nota divulgada logo após a reunião, o Banco Central afirmou que "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, manter a taxa Selic em 11% ao ano". Votaram por essa decisão o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo, Luiz Awazu Pereira da Silva, Luiz Edson Feltrim e Sidnei Corrêa Marques. Desde maio, os analistas contam com a manutenção da taxa Selic em 11% para ancorar suas expectativas. Contudo, ainda que o Banco Central mantenha a taxa estável, sinalizando dificuldades em conter o avanço da inflação, a autoridade tem usado outras medidas de estímulo monetário em um intento de expandir o crédito. Em apenas um mês, o Banco Central viabilizou a injeção de até 70 bilhões de reais na economia ao liberar depósito compulsório dos bancos. A atitude do Banco Central foi aplaudida pelos bancos, mas criticada por economistas, que afirmam ser contraditório, por um lado, restringir o consumo ao subir juros e, por outro, estimulá-lo ao liberar o compulsório. Os depósitos são a contribuição obrigatória que os bancos fazem junto ao Banco Central, cuja alíquota é calculada com base no volume de depósitos feitos à vista e à prazo nas instituições. A obrigação reduz o risco sobre o sistema financeiro e pode ser usada como ferramenta de política monetária. Ao reduzir a taxa do compulsório, o Banco Central permite a liberação automática de mais dinheiro para que os bancos possam emprestar a seus clientes. Quando a taxa aumenta, há um aperto monetário e tendência à redução da oferta de crédito. A primeira liberação do compulsório em 2014 ocorreu dois dias após a divulgação da ata da reunião de julho do Copom, o que intensificou ainda mais as críticas. Em uma situação inédita, o papel do Banco Central tem sido amplamente discutido no debate eleitoral. A perda de autonomia da autoridade monetária durante o governo Dilma, o que resultou na queda forçada dos juros para a taxa mínima histórica de 7,5%, fez com que o Banco Central perdesse credibilidade em meados de 2012. Desde então, ainda que uma política de aperto monetário tenha sido colocada em prática, a inflação tem se mantido sempre acima do centro da meta.

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