quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Lula ‘talvez’ deponha depois das eleições

O depoimento do ex-presidente e alcaguete Lula (ele delatava companheiros para o Dops paulista durante a ditadura militar, conforme Romeu Tuma Jr.) à Polícia Federal em um dos inquéritos complementares do Mensalão do PT está descartado pelo menos até a eleição, afirmou nesta quarta-feira, 24, o diretor do Instituto Lula, Paulo Okamotto. “Depois da eleição, talvez”, disse o assessor do ex-presidente durante ato político em favor da candidatura do candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha. No mesmo evento, Lula reagiu com ironia foi questionado por uma repórter quando iria prestar esclarecimento à Polícia Federal. “Só se você me convidar”, disse. A Polícia Federal tenta há sete meses um acordo para ouvir o alcaguete Lula no inquérito que investiga a suspeita de repasses ilegais da Portugal Telecom para o PT. Havia previsão de que Lula fosse ouvido nesta quarta-feira em Brasília. O ex-presidente, porém, não apareceu, segundo Okamotto. Como ex-presidente, Lula tem prerrogativa de negociar quando será ouvido pelos policiais. A investigação foi aberta a pedido do Ministério Público Federal com base em denúncia do operador do Mensalão do PT, Marcos Valério Fernandes de Souza. Em depoimento prestado à Procuradoria-Geral da República em 2012, Valério acusou o petista de intermediar pagamento de R$ 7 milhões da telefônica ao partido. O objetivo seria pagar dívidas de campanha. O conteúdo do depoimento foi revelado pelo Estado em 11 de dezembro daquele ano. Lula não é alvo da investigação, que ainda está em andamento. A idéia da Polícia Federal é ouvi-lo como testemunha. O ex-presidente é o principal cabo eleitoral de Dilma. Só nos últimos dois dias, Lula percorreu três cidades para pedir votos à sua sucessora. Na terça-feira, discursou em Mauá e Santo André; falou também em Guarulhos. As três são administradas pelo PT. A idéia é reforçar o voto petista no Estado de São Paulo em que a presidente tem alta rejeição e o candidato ao governo estadual não decola nas pesquisas. Em Mauá, disse que o povo “tem obrigação moral” de reeleger Dilma. Ele iniciou seu discurso defendendo a política econômica, principal alvo de críticas ao governo Dilma. Lula disse que enquanto o mundo desempregou 62 milhões de pessoas, o Brasil conseguiu manter os empregos.
Bastante rouco, o ex-presidente repetiu o que havia falado no dia anterior, em Guarulhos, ao defender a política de distribuição de renda dos três governos petistas. Lula voltou a defender a escolha de Dilma para sucedê-lo e disse que “dorme tranquilo” por isso. Ele deixou o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, em saia justa ao afirmar que na hora de escolher quem iria lhe suceder “poderia ter sido o Marinho, mas escolhi a pessoa mais capacitada, que era a Dilma”.

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