domingo, 21 de setembro de 2014

Contadora revela como operava fábrica de contratos fictícios de doleiro

A contadora Meire Poza, que trabalhou para o doleiro Alberto Youssef durante três anos e está colaborando com a Justiça Federal na Operação Lava Jato, relatou na sexta feira, 19, detalhes sobre o esquema de emissão de notas fiscais frias e contratos para dar aparência lícita ao fluxo de recursos entre construtoras e a empresa GFD Investimentos – controlada pelo doleiro. Meire depôs à Justiça Federal por vídeo conferência, desde São Paulo para Curitiba, onde correm 10 ações penais da Lava Jato. A Polícia Federal apreendeu centenas de cópias de contratos de serviços e de notas fiscais, acervo que, para os investigadores, comprovam como agia o doleiro Youssef, personagem chave da Lava Jato – ele está preso desde 17 de março. Meire Poza afirmou que os contratos de prestação de serviços não existiam. “Os contratos de prestação de serviços (eram elaborados) como se os serviços fossem prestados. Um, especificamente, que me chamou a atenção tinha alguma coisa em relação a plataformas petrolíferas". A contadora não é acusada em nenhum processo. Ela já fez inúmeros depoimentos nos autos da Lava Jato, sempre como testemunha arrolada pelo Ministério Público Federal. Ela apontou nomes em seu relato de sexta feira, 19, nos autos do processo do Labogem, laboratório controlado pelo doleiro. “Esse primeiro contrato, que foi o da Mendes Jr, foi um contrato que prestei bastante atenção e li. E a partir do momento que nós entendemos qual era o real objetivo desses contratos aí ficou numa situação que a gente só copiava e colava, não prestava mais atenção na emissão do contrato". Meire declarou que no caso da construtora Mendes Jr quem lhe pediu que preparasse um contrato foi João Procópio de Almeida Prado, apontado pela Polícia Federal como operador do doleiro Youssef. Ao falar sobre os contratos da GFD Investimentos com a Sanko Sider, fornecedora de tubos e conexões da Petrobrás nas obras da refinaria Abreu e Lima (PE) – empreendimento sob suspeita de superfaturamento – ela apontou para um personagem do Mensalão do PT, Enivaldo Quadrado: “Os contratos da Sanko Sider quem pediu foi o Enivaldo Quadrado". Meire afirmou que a GFD Investimentos era uma empresa de fachada usada por Youssef para captar recursos ilícitos. “Grande parte dos recursos veio da emissão de notas da GFD contra algumas construtoras. Os serviços não foram prestados, nunca houve. A GFD não tinha funcionários.” Segundo ela, quem ia à sede da GFD, na rua Renato Paes de Barros, no Itaim, São Paulo, eram João Procópio de Almeida Prado, apontado como operador do esquema do doleiro, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa e o investidor Enivaldo Quadrado, réu do Mensalão do PT. “Além deles, a secretária e a copeira”, contou Meire Poza. Sobre as atividades da GFD, a contadora afirmou. “O Beto (Alberto Youssef) operacionalizava, ele acertava com a construtora. Não sei como era feito esse acerto. O Enivaldo fazia o caixa financeiro, como se fosse o gerente financeiro".

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