sábado, 9 de agosto de 2014

PETROBRAS TRAVA EMBATE PARA TENTAR REDUZIR CONTEÚDO LOCAL DE SEUS PROJETOS

A Petrobras negocia com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a redução nos porcentuais exigidos de compra no Brasil de equipamentos e serviços para o afretamento de sondas, o chamado conteúdo local. A reclamação do setor é que o pré-sal aumentou a demanda da indústria, que não conseguiu se desenvolver como era esperado e, por isso, não será possível manter os atuais patamares de conteúdo local. O tema dominou o debate na quinta-feira durante um seminário sobre conteúdo local, promovido pela Câmara Britânica de Comércio, no Rio de Janeiro. No leilão de 2005, a Petrobras se comprometeu a comprar um mínimo de 55% a 65% em equipamento e serviços no Brasil para afretamento de sondas. Para o gerente de Conteúdo Local da Petrobras, Edival Dan Júnior, esse porcentual só deve ser alcançado em 2015, quando as primeiras embarcações de um total de 28 unidades contratadas começarem a ser entregues para explorar o pré-sal. A projeção era que, já neste ano, a indústria brasileira de equipamentos e serviços estivesse preparada para atender pelo menos à metade da demanda da Petrobras nas áreas adquiridas em 2005, na sétima rodada de licitações. Contudo, atualmente a indústria local só atende 15% da capacidade de afretamento de sondas. Diante disso, a estatal propõe a redução do conteúdo local agora, mas, se comprometeria a aumentar as compras em outras fases de desenvolvimento das áreas exploradas. Se o pedido da Petrobras for aceito, a petroleira conseguirá se livrar do pagamento de multas. Contudo, a diretora-geral da agência, Magda Chambriard, foi firme ao responder que qualquer mudança na política atual será para aumentar ainda mais as exigências e não diminui-las. "Ajustes poderão vir para reforçar a política. Cabe às empresas desenvolver a sua cadeia de fornecedores", afirmou. Gargalos no setor naval são, atualmente, as principais fontes de preocupação entre investidores e governo, que vê no setor uma oportunidade de geração de renda e emprego. O secretário executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Sérgio Leal, diz que casos de atrasos na entrega de embarcações e de cobrança de preços maiores do que os internacionais são pontuais e "estão sendo resolvidos pelo mercado". Ele atribui o problema à carência na escolaridade da mão de obra e, consequentemente, à baixa produtividade durante a fabricação de navios nos estaleiros. O mais recente caso é o do Estaleiro Ilha S.A. (Eisa), no qual 2,5 mil funcionários estão em casa, sem receber salários.

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