terça-feira, 5 de agosto de 2014

O DEPUTADO FEDERAL PETISTA ANDRÉ VARGAS REAPARECE, TUMULTUA REUNIÃO DO CONSELHO DE ÉTICA DA CÂMARA E ABANDONA SESSÃO

O deputado federal petista André Vargas (PR) decidiu quebrar o silêncio e reapareceu nesta terça-feira na reunião do Conselho de Ética destinada à leitura do parecer pela cassação do seu mandato. Protagonista de diversas manobras para protelar o desfecho do caso, André Vargas foi convidado repetidas vezes para prestar depoimento ao colegiado, mas fugiu sempre que um servidor da Câmara tentou notificá-lo formalmente. Nesta terça-feira, ele pediu o afastamento do relator, Júlio Delgado (PSB-MG), e reclamou não ter sido ouvido pelo colegiado. O pedido do ex-petista foi imediatamente rechaçado pelos deputados e o parecer contra ele só não foi lido porque teve início a Ordem do Dia do Plenário. A sessão do Conselho arrastou-se por quase cinco horas e foi marcada por bate-boca. Em uma tentativa de desqualificar a atuação do relator, o petista André Vargas disse que Júlio Delgado deveria ser impedido de relatar o caso. “À imprensa, ele diz que eu estou tentando manter um mandato que não representa mais ninguém. Quando o relator que pretende ser isento fustiga o parlamentar é porque esse relator não pode ser mantido. A opinião não é de um relator, e sim de alguém que pretendia fazer um relatório e já tinha convicção da culpa, da cassação e da pena máxima”, disse. O petista André Vargas abandonou a reunião após ter sido "convidado" a apresentar a defesa – alegou não estar preparado com os documentos necessários. Ao lado do advogado Michel Saliba, que também atuou no caso do primeiro deputado-presidiário do País, Natan Donadon, André Vargas recorreu aos mais variados argumentos para paralisar o processo e surpreendeu ao dizer não se lembrar do nome do doleiro Alberto Youssef, pivô da Operação da Polícia Federal e a quem chamava de “irmão”. “A prova boa e aproveitável é aquela construída com defesa e acusação. As provas feitas até agora foram feitas só pela relatoria. O conselho impossibilitou a inquirição de algumas pessoas e as perguntas a serem feitas para o dono do avião, que eu não lembro o nome”, disse. Ao longo da audiência, no entanto, a memória de Vargas voltou a funcionar e ele citou nominalmente o doleiro Youssef. Ex-vice-presidente da Câmara, André Vargas estava no auge de sua carreira política, tinha feito a escalada típica de um quadro político petista, quando começou a cair em desgraça após a revelação de que ele e sua família utilizaram um jatinho pago por Youssef para passar as férias em João Pessoa (PB). A situação agravou-se após reportagem de VEJA revelar novos detalhes de sua ligação com o doleiro: Youssef mantinha contato constante com o congressista. Mais: segundo as investigações da Polícia Federal, os dois trabalhavam para enriquecer juntos fraudando contratos com o governo federal. A ajuda foi materializada em um contrato inicial de 30 milhões de reais firmado com o Ministério da Saúde. O petista André Vargas reclamou que as testemunhas arroladas pela defesa não foram ouvidas – a maioria alegou indisponibilidade de comparecer no dia agendado – e criticou a “pressa” para a conclusão do processo. “Nem eleição eu estou disputando. Eu estou disputando a honra, e isso tem importância. Um mandato de sete anos tem seu valor como tem todos os mandatos, e conclui-lo é muito importante”, disse. Escanteado pelo PT, André Vargas desfiliou-se do partido em abril e, dessa forma, não pode concorrer às eleições deste ano. No entanto, ele briga para concluir o mandato e tenta, a todo custo, evitar a abertura do processo de cassação, que o tornaria inelegível pelos próximos oito anos.

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