sábado, 2 de agosto de 2014

EMPRESA DOS ESTADOS UNIDOS ENFRENTA INCERTEZA APÓS INVESTIR PARA ATENDER PETROBRÁS

No ano passado, a Petrobras afretou três plataformas, com início da operação prevista para 2016, no pré-sal de Santos. A Dresser-Rand, fornecedora norte-americana de equipamentos para o setor de petróleo, que construiu fábrica no Brasil de olho em contratos da Petrobras, teme não receber novas encomendas para sustentar sua situação no país e até o fechamento da unidade após cumprir contratos já firmados de 700 milhões de dólares. O cenário tornou-se duvidoso para a companhia porque a Petrobras tem optado por contratar o afretamento de novas plataformas, no lugar de construí-las no País, sem a exigência de conteúdo local para os chamados turbomáquinas, importante componente produzido no Brasil pela Dresser-Rand. Assim como a Dresser-Rand, a GE e a Rolls-Royce abriram recentemente fábricas de turbomáquinas no País para atender a Petrobras e com perspectivas de novas encomendas. A queixa contra os afretamentos, que na avaliação da fonte têm sido mais frequentes, acontece num momento em que a estatal corre contra atrasos na entrega de unidades produtoras de petróleo por estaleiros brasileiros para atingir suas metas de extração. "Se a Petrobras não exigir conteúdo local nas turbomáquinas dos afretados, as fábricas vão fechar", disse uma fonte da Dresser-Rand. As turbomáquinas - equipamentos como geradores de turbinas a gás, compressores de turbinas a gás e moto compressores - ainda não têm exigências legais de conteúdo local no País, embora a Petrobras tenha exigido nos contratos com as três empresas. As três fabricantes têm encomendas firmes com a estatal, para o fornecimento de turbomáquinas, que juntas somam quase 2 bilhões de dólares. As máquinas serão integradas a plataformas que entrarão em operação até 2018. Mas a fonte da Dresser-Rand acredita que a falta de visibilidade para o futuro deixa o setor desanimado. "Quando as fábricas foram instaladas, havia perspectiva de crescimento da demanda com a Petrobras, e agora estão afretando", lamentou a fonte, observando que, dessa forma, o setor tem menos garantias de novas encomendas. Executivos da Petrobras têm afirmado repetidamente que vão cumprir exigências de conteúdo local previstas em contrato. Mas, ao cobrar resultados da indústria naval brasileira, que tem atrasado projetos, eles têm sido incisivos ao dizer que a prioridade é cumprir metas de produção. O temor da Dresser-Rand - num contexto em que a Petrobras pode cumprir exigências legais de conteúdo local dos projetos com outros tipos de máquinas - é de que os turbomáquinas produzidos no País não sejam competitivos quando comparados com os fabricados no Exterior. A fábrica da Dresser-Rand foi inaugurada em São Paulo, no ano passado. Seu contrato com a Petrobras, de mais de 700 milhões de dólares, prevê o fornecimento de compressores de gás para oito plataformas que irão para os campos de Tupi e Sapinhoá, no pré-sal da Bacia de Santos. Já a GE está menos exposta às movimentações da Petrobras, uma vez que tem diversas atividades fabris no Brasil. Já a britânica Rolls-Royce, que vendeu recentemente seu negócio mundial de turbinas de energia a gás e compressores para a Siemens, disse que a unidade foi construída, no Rio de Janeiro, pensando no longo prazo. Apesar da venda da divisão, a comunicação sobre o projeto ainda está a cargo da britânica. O contrato da Rolls-Royce com a Petrobras é de 650 milhões de dólares, para o fornecimento de turbomáquinas para as mesmas oito plataformas do contrato da Dresser-Rand.

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