quarta-feira, 20 de agosto de 2014

CPMI DA PETROBRAS VOTARÁ EM SETEMBRO CONVOCAÇÃO PARA DEPOIMENTO DA CONTADORA MEIRE POZA, QUE TRABALHAVA PARA O DOLEIRO ALBERTO YOUSSEF

A CPMI da Petrobras deve votar no dia 3 de setembro a convocação de Meire Poza, ex-contadora do doleiro Alberto Youssef. Ela revelou a VEJA detalhes da operação do antigo chefe, que operava um esquema bilionário de lavagem de dinheiro com ramificações em empresas públicas, empreiteiras contratadas pelo governo e gabinetes parlamentares. Na condição de testemunha convocada, a contadora não poderá se recusar a comparecer caso os requerimentos sejam aprovados. Meire Poza já esteve no Conselho de Ética da Câmara, onde falou sobre a relação do deputado Luiz Argôlo (SD-BA) com o doleiro. Ela confirmou que Youssef fez pagamentos ao parlamentar. Nesta quarta-feira, a CPMI da Petrobras ouviu mais dois depoentes: o diretor jurídico internacional da empresa, Carlos Cesar Borromeu de Andrade, e o gerente de Segurança Empresarial da companhia, Pedro Aramis de Lima Arruda. Andrade disse que a cláusula Put Option, que causou prejuízo à Petrobras na compra da refinaria de Pasadena, é “comum” em negócios do tipo. Mas se esquivou quando veio a pergunta a respeito da importância de duas cláusulas – essa e a Merlin – que foram omitidas no resumo apresentado ao Conselho Deliberativo da estatal. A omissão abriu caminho para operações desastradas que causaram um prejuízo de pelo menos 790 milhões de dólares à empresa. “É muito difícil fazer juízo de valor”, disse Andrade. “Eu não posso, como advogado, julgar o que a minha área cliente deve ou não deve incluir no resumo”, afirmou. O diretor afirmou também que a área jurídica não analisava a viabilidade de um negócio: “Não, de forma nenhuma. Nós não podemos emitir juízo de valor sobre uma operação comercial”. Já o gerente de Segurança Empresarial também foi evasivo. Disse que a investigação interna da empresa não identificou o pagamento de propina a funcionários por parte da holandesa SBM Offshore. O relator, Marco Maia (PT-RS), perguntou se não restaram ao menos dúvidas das irregularidades. “Essa pergunta eu não posso responder”, disse o gerente. Arruda também afirmou que Paulo Roberto Costa, ex-diretor da companhia que foi preso por suspeitas de corrupção, “tinha um comportamento normal”. Fosse em qualquer empresa privada, esses caras estariam todos demitidos, no mínimo, por falta de compromisso com os interesses da companhia.

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