sexta-feira, 8 de agosto de 2014

BRASIL ENFRENTA RESISTÊNCIA À SUA COMPETITIVIDADE AGRÍCOLA EM ACORDOS COMERCIAIS

O embaixador Paulo Estivallet de Mesquita, diretor do Departamento Econômico do Ministério das Relações Exteriores, disse nesta sexta-feira (8), no Rio de Janeiro,  que os países e blocos com os quais o Brasil negocia acordos querem sempre que o Brasil seja menos competitivo na área da agricultura. Mesquita participou do 33º Encontro Nacional do Comércio Exterior (Enaex), promovido pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). O embaixador  admitiu que esse movimento já ocorre em relação ao acordo comercial que o Brasil e o Mercosul estão negociando com a União Européia: “Essa  é uma das grandes dúvidas, se esse acordo vai ser possível ou não. Em qualquer acordo, eles todos têm medo da nossa agricultura”. No sentido contrário, a preocupação no Brasil e nos demais países do Mercosul é com a abertura da economia para produtos manufaturados no Exterior: “Existe a resistência deles à abertura da agricultura e, do nosso lado, nós temos a preocupação de não acabar com a nossa indústria. Nós não podemos expô-la a uma concorrência rápida. Essa é a dificuldade de concluir o acordo”. O diretor ressaltou, entretanto, que isso não significa que não é possível alcançar o acordo com a União Européia: “Se ele  for concluído, faz muita diferença para nós porque, como é um parceiro muito grande, a gente vai ter que fazer uma certa abertura para a concorrência industrial dela”. Ele admitiu que isso abre espaço para Brasil e Mercosul negociarem depois com outros parceiros. O embaixador relatou que, do lado interno, também há fatores importantes para as negociações com grandes parceiros. Um deles é a questão  tarifária: “O fato de que as nossas tarifas são relativamente altas comparadas com as de outros países significa que, no momento em que abrir aqui o mercado interno, eu suponho que vão ter empresas que enfrentam algumas  dificuldades para se adaptar a isso”. Mesquita lembrou que existe uma decisão do Mercosul de que  todas as negociações fora da região têm de ser feitas em bloco. Segundo o embaixador, as mesmas resistências existentes no Brasil a uma negociação em separado existem também no âmbito do  Mercosul.

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