quinta-feira, 21 de agosto de 2014

A POLÍCIA FEDERAL E JOSÉ SERRA: POLÍCIA DE ESTADO OU ESTADO POLICIAL. OU: INTIMAÇÃO NA BOCA DA URNA NUM CASO SURREALISTA

É surrealista. Durante a gestão de José Serra à frente do governo de São Paulo, houve uma licitação para a compra de 40 trens para a CPTM. A espanhola CAF e a alemã Siemens disputaram. A primeira venceu porque ofereceu o menor preço. A outra empresa disse que entraria na Justiça. Serra advertiu: se a Siemens conseguisse anular a disputa, ele cancelaria a concorrência porque se negava, em nome do interesse público, a pagar mais por aquilo que valia menos.

Um executivo da Siemens alega ter tido uma conversa informal com Serra em que este teria sugerido que a empresa, em vez de tentar anular a licitação, entrasse em entendimento coma CAF para evitar atraso na entrega dos trens. Serra nega que a conversa tenha ocorrido. Quem conhece seu estilo sabe que não existe “conversa informal” sobre assunto público.
Pois bem: quando a “denúncia” apareceu, escrevi neste blog, no dia 8 de agosto de 2013, que seria a primeira vez na história da humanidade que um governante seria acusado de beneficiar um cartel impondo um PREÇO MAIS BAIXO! É estupefaciente!
“Serrista!”, gritaram os idiotas. Pois é. Depois de apurar detidamente o caso, o Ministério Público Estadual concluiu, em março deste ano, que não houve qualquer irregularidade. Reproduzo trecho de uma reportagem do Estadão (em azul):Os técnicos da Promotoria sustentam que o negócio, aquisição de 384 carros da empresa espanhola CAF, é o único em que não houve acerto. Para os peritos, “o cartel formado pelas empresas Siemens, Alstom, Mitsui e Hyundai-Rotem não obteve êxito em fraudar a licitação tendo em vista, especialmente, a participação da CAF, empresa estranha ao cartel”. A análise pericial fortalece a versão de Serra, de que atuou contra o cartel nesta licitação. O tucano chegou a dizer que merecia a “medalha anticartel”.
Tudo conforme eu havia escrito lá atrás. Pois não é que a Polícia Federal decidiu chamar Serra para depor? Sim, na boca da urna, a PF, subordinada ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, houve por bem intimá-lo. Cumpre lembrar que também essa denúncia é uma daquelas feitas aos petistas do Cade.
A Polícia Federal precisa decidir se é uma polícia a serviço do estado brasileiro ou um ente a serviço de um estado policial. É claro que se está criando um fato eleitoral, para ganhar as páginas dos jornais e pautar os jornalistas. Serra lidera todas. Por Reinaldo Azevedo

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