sábado, 26 de julho de 2014

PETROBRAS AUMENTA SEUS GASTOS EM PUBLICIDADE EM PLENA CAMPANHA ELEITORAL

Os gastos com publicidade da Petrobras aumentaram 17% no primeiro semestre deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, saltando de 132 milhões de reais em 2013 para 154 milhões de reais nos seis primeiros meses de 2014. O orçamento médio mensal de propaganda da companhia quase triplicou em maio e junho se comparado ao intervalo de janeiro a abril. A curva ascendente ocorre após a crise envolvendo negócios da companhia e às vésperas do prazo de suspensão das publicidades institucionais das empresas estatais. As médias mensais de gastos com propaganda da Petrobras passaram de 15,5 milhões de reais, de janeiro a abril, para 46 milhões de reais, em maio e junho. Até abril, as despesas eram inferiores às do ano passado – somavam 62 milhões, contra 90 milhões de reais em igual período de 2013. No mesmo mês, a estatal foi contratada pela União para produzir em quatro áreas do pré-sal e também atingiu o pico de extração de petróleo na região. Em período eleitoral, PT e PSDB travam uma luta sobre as publicidades da Petrobras. A marca de produção de 500.000 barris por dia no pré-sal, no início de julho, foi comemorada pela presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição, como um ganho pessoal. A conquista motivou uma grande festa na sede da companhia, com a presença de Dilma. As festividades e promoções ocorreram também em sequência a uma série de acusações de corrupção envolvendo ex-diretores, denúncias que levaram à criação de duas comissões parlamentares de inquérito (CPIs) no Congresso e outras investigações. O PSDB entrou com representações no Tribunal Superior Eleitoral e conseguiu suspender anúncios de divulgação do recorde do pré-sal e de promoção da gasolina de menor teor de enxofre produzida pela empresa, a S-50. "A Petrobras é o ‘calcanhar de Aquiles’ do governo Dilma. Nossa preocupação é que a presidente use a empresa para se promover", afirmou o deputado Carlos Sampaio, coordenador jurídico pela campanha do candidato tucano à Presidência, Aécio Neves. Sobre a gasolina S-50, a estatal argumenta que não se trata de campanha institucional e que, por isso, não contraria a lei, embora a empresa seja a única a produzir o combustível. Ela vai recorrer para veicular o anúncio novamente. Esta publicidade substituiu a do pré-sal após 5 de julho, quando, pelo calendário do TSE, foram proibidos os anúncios institucionais das estatais, a não ser que o foco sejam produtos comercializados em um ambiente de concorrência de mercado. Atualmente, apenas a publicidade do lubrificante Lubrax está sendo veiculada. No site de campanha de Dilma, entretanto, o pré-sal continua sendo exibido como uma ferramenta de marketing. Na página, um vídeo de dois minutos associa diretamente a imagem da presidente à contratação da Petrobras para a produção no pré-sal destacando a geração de "mais recursos para a economia, mais tecnologia no Brasil e milhares de novos empregos". Além disso, informa, será destinado 1,3 trilhão de reais da receita para saúde e educação. O comitê da petista afirma que a estatal não está sendo usada eleitoralmente. Segundo a assessoria da campanha da presidente, o pleito não será pautado pela discussão de empresas específicas. "A proposta é estabelecer um amplo debate com a sociedade sobre as diretrizes que sustentarão o novo ciclo de mudanças. O plano de governo para o segundo mandato aponta o papel que a Petrobras desempenhará no novo ciclo de desenvolvimento do País proposto para o segundo mandato de Dilma Rousseff, que será lastreado pela educação", afirma o texto encaminhado pela assessoria de imprensa da campanha da presidente. A estatal mudou o tom de suas campanhas publicitárias em abril tornando-as mais nacionalistas, quando a estatal passou a adotar o slogan "A gente é mais Brasil", em substituição ao anterior, "Gente. É o que inspira a gente", utilizado em 2013. "A frase ‘A gente é mais Brasil’ é uma assinatura de campanha, que funciona como conceito guarda-chuva. Esta assinatura seguirá acompanhando todos os esforços publicitários institucionais da Petrobras no ano de 2014", informou em nota a empresa petrolífera. A adoção de uma frase que pudesse associar a Petrobrás ao sentimento de nacionalidade e a avanços econômicos decorrentes do pré-sal ocorreu logo após a divulgação de denúncias que envolviam o nome da empresa e sugeriam atos de corrupção cometidos por integrantes de sua antiga diretoria. Logo após a divulgação de detalhes da compra da refinaria de Pasadena (EUA) pela Petrobras - que se tornou o pivô da crise envolvendo a estatal -, o ex-diretor de Abastecimento da companhia Paulo Roberto Costa foi preso pela Polícia Federal na Operação Lava Jato, por suspeita de participar de esquema de lavagem de dinheiro. Costa participou da aquisição de Pasadena.

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