segunda-feira, 7 de julho de 2014

PASTOR REJEITADO PELO PSOL DO RIO DE JANEIRO REGISTRA CANDIDATURA

Pivô de uma crise entre a direção estadual e o comando nacional do PSOL, o pastor Jeferson Barros registrou na tarde desta segunda-feira a candidatura a deputado federal no Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro. Integrante da Assembléia de Deus do Ministério Parque Anchieta, Jeferson foi retirado do rol de candidatos pelo PSOL-RJ, com o argumento de que não se alinha aos princípios do partido, mas a candidatura foi aprovada na convenção nacional. A legislação eleitoral permite que o pré-candidato que não tenha sido incluído na lista oficial do partido peça o registro ao tribunal no prazo de até 48 horas depois da publicação da lista enviada pelas legendas. O TRE do Rio de Janeiro publicará a lista completa até 10 de julho. Os candidatos que ficaram de fora por alguma razão têm até o dia 12 para pedirem o registro. A medida busca preservar eventuais candidatos de possíveis falhas ou decisões arbitrárias dos partidos. A reação contrária à candidatura de Jeferson partiu de parlamentares de destaque do partido, como Jean Willys, Chico Alencar e Marcelo Freixo. Eles apontaram a ligação de Jeferson com o pastor Silas Malafaia, líder da Assembléia de Deus Vitória em Cristo, que faz da pregação contra o casamento gay e o aborto suas principais bandeiras. Em carta aberta distribuída no dia 24 de junho, deputados, vereadores e dirigentes do PSOL fluminense manifestaram "espanto e indignação" contra a permissão dada pela convenção nacional à candidatura de Jeferson. "A obsessão por candidaturas sem afinidade com nosso ideário plural, fundado no socialismo (...) e na liberdade a ser conquistada nas lutas emancipatórias, só trará problemas e incoerências na campanha que já se inicia, e retrocessos quanto ao que duramente conquistamos", diz o documento. A direção estadual ignorou a instância superior e não incluiu o nome do pastor na lista de candidatos enviada ao TRE na semana passada. Com uma cópia da ata da convenção nacional, Jeferson foi nesta segunda ao tribunal registrar a candidatura. O pastor se diz defensor do direito à união civil de pessoas do mesmo sexo, mas argumenta que é impedido pela Igreja de realizar casamento gay. "Como pastor, não posso realizar casamento de pessoas do mesmo sexo, o estatuto da Igreja me impede e me impõe penalidade se isso acontecer. É um direito deles (dos casais gays), mas eu não posso fazer o casamento. É uma questão estatutária da Igreja", diz o pastor. Os parlamentares que se opuseram à candidatura de Jeferson negam perseguição religiosa e lembram que o partido tem dois pastores filiados e com intensa atividade partidária: Mozart Noronha, luterano, e Henrique Vieira, da Igreja Batista, vereador em Niterói (região metropolitana).

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