segunda-feira, 7 de julho de 2014

O DIABO VOLTA A DAR AS CARTAS NOS TERRITÓRIOS PALESTINOS. OU: TRÊS JUDEUS ASSASSINADOS NÃO VALEM METADE DA TINTA E DOS CARACTERES GASTOS COM O ASSASSINATO DE UM PALESTINO. ESSA PERVERSÃO MORAL GERA AINDA MAIS CADÁVERES

Os criminosos que sequestraram e mataram o garoto palestino Mohamed Abu Khder poderiam fazer parte, deixem-me ver, do grupo de agitação e propaganda do Hamas. Por que afirmo isso? A notícia, como pode constatar qualquer leitor, serviu para tirar do noticiário o assassinato, não menos brutal, de três jovens judeus: Naftali Fraenkel, Gil-Ad Shaer e Eyal Yifrah. Usem, se quiserem, uma régua, um contador de caracteres, o que for: não se dedicou aos judeus assassinados nem metade da tinta e dos caracteres empregados para tratar do assassinato do rapaz palestino. Por que é assim? Porque um cadáver árabe serve ao proselitismo politicamente conveniente e está afinado com as milícias de opinião anti-Israel que dominam a imprensa ocidental. Já o assassinato de judeus, especialmente se oriundos de assentamentos, parece, no limite, aceitável, como se fosse uma ação compreensível da resistência palestina.

A reação de um lado e a de outro também nos dizem alguma coisa do ponto de vista moral. Israel foi à caça dos assassinos de Mohamed Abu Khder e prendeu seis suspeitos. Três deles, informa a imprensa internacional, confessaram o assassinato. A própria polícia admitiu, antes mesmo de chegar aos responsáveis, que tudo indicava que o crime era uma resposta estúpida e inaceitável ao assassinato dos três adolescentes judeus. Milhares de israelenses compareceram ao velório dos três, mas não houve ações violentas, nada!
E a reação dos palestinos, estimulada pelo Hamas e, ainda que de modo mais brando, pela Autoridade Palestina? Houve protestos violentos e enfrentamento das forças de segurança. Vimos, com toda a força, o ressurgimento do que eu chamo de “Iconografia do Martírio”, com a exposição pública do cadáver, exibido quase como um troféu, no ato sempre indecoroso de glorificação da morte, que serve ao discurso da suposta resistência.
O governo de Israel está longe de ser o meu predileto; não creio que algumas ações de Benjamin Netanyahu e de outros ainda mais radicais do que ele concorram para a paz. Mas eu pergunto onde estavam as vozes, então, sensatas e brandas, que não censuraram Mahmoud Abbas quando este fez o acordo com o Hamas, que não se comprometeu em suspender, nem mesmo temporariamente, os ataques a Israel. Quando os corpos dos adolescentes judeus foram encontrados, a imprensa ocidental logo antecipou o tal “risco de uma nova intifada”.
Ora, nem mesmo se prestava atenção ao fato de que uma “nova intifada” apontava para a possibilidade de uma reação palestina. Mas esperem: no caso, o agredido era o estado de Israel!!! Mas quê… Os “analistas” preferiram chamar a atenção para a possibilidade de reação do agressor. Nota: o Hamas não condenou o ataque. Ao contrário até: veio a público para ameaçar Israel.
Os terroristas sabem como fazer a coisa, ou não sustentariam por tanto tempo essa guerra. O Hamas só se mantém no poder na Faixa de Gaza impondo o terror à população, descontente com a sua gestão. Era preciso reavivar o ódio contra o “inimigo”. Matar três jovens, naquelas circunstâncias, significava atrair uma necessária resposta de Israel — e ela veio — e uma eventual retaliação de extremistas, que veio também.
Pronto! O Hamas está feliz. O diabo reassume o poder nos territórios palestinos, e o sangue dos inocentes volta a irrigar a causa dos terroristas. Por Reinaldo Azevedo

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