segunda-feira, 14 de julho de 2014

MORRE AOS 90 ANOS A ESCRITORA NOBEL DE LITERATURA NADINE GORDIMER

Morreu no domingo, aos 90 anos, a escritora sul-africana Nadine Gordimer, Prêmio Nobel de Literatura 1991 e ativista contra o regime do apartheid. Segundo membros da família, Nadine faleceu enquanto dormia, em sua própria casa. Ela lutava desde março deste ano contra um câncer no pâncreas. Ao longo da carreira, Nadine publicou mais de 30 livros, incluindo o romance "A História de Meu Filho" (1990), "Burger's Daughter" (1979) e "July's People" (1982). Em 1974, a escritora levou o prêmio Man Booker pela obra "O Engate". Quando recebeu o Nobel de Literatura, o comitê organizador alegou que o prêmio estava sendo entregue a ela devido à sua "escrita épica magnífica". Uma das principais vozes contra o regime do apartheid, Nadine publicou seu primeiro livro em 1949, um ano depois do Partido Nacional chegar ao poder e oficializar a segregação na África do Sul. De forma quase inevitável, sua escrita foi influenciada pelos acontecimentos do país e a injustiça e a opressão do apartheid se tornaram temas recorrentes em sua obra literária. Três de seus livros sofreram censura do governo, mas mesmo nos momentos mais sombrios do regime, que durou de 1948 a 1994, a escritora se recusou a deixar a África do Sul. O engajamento político da escritora, porém, não deve ofuscar a qualidade de sua prosa simples e sutil, despida de sentimentalismo. Ao receber o Nobel, em 1991, Nadine deixou claro que a literatura ainda era sua principal vocação. "Algumas pessoas dizem que me deram o prêmio não pelo que escrevi, mas por minha política. Mas eu sou uma escritora. Essa é minha razão para seguir vivendo", declarou. Amiga de Nelson Mandela e apoiadora do Congresso Nacional Africano (CNA), partido que lutava pelos direitos dos negros no apartheid, Nadine não se omitiu de criticar Thabo Mbeki, sucessor de Mandela na presidência da África do Sul e um dos líderes da legenda, quando discordou da política sanitária do governante em relação à aids. A sul-africana, no entanto, não demonstrava o mesmo senso crítico ao analisar a situação de Cuba. Assim como outro Prêmio Nobel falecido recentemente, o colombiano Gabriel García Márquez, Nadine sempre foi simpática ao regime de Fidel Castro. Resumindo: Nadine Gordimer era uma comunista, como o CNA sul-afircano. Nadine Gordimer nasceu em Springs, na África do Sul, em 1923, e escreveu sua primeira história aos 15 anos de idade. Suas narrativas tinham como tema principal o apartheid, o exílio e a alienação. Ela foi casada por duas vezes e deixa dois filhos: Hugo, de 59 anos, e Oriane, de 64 anos.

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