quinta-feira, 10 de julho de 2014

EMPRESA DA FAMÍLIA ESPÍRITO SANTO AVALIA PEDIR RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A Espírito Santo International (ESI), que faz parte do Grupo Espírito Santo (GSE), avalia pedir proteção judicial contra seus credores em Luxemburgo, paraíso fiscal onde tem sede. A companhia cogita essa possibilidade caso não consiga chegar a um acordo de renegociação de sua dívida. A empresa declarou calote técnico após não conseguir garantir os rendimentos de seus investidores no início do mês. Foi detectado um passivo não-reconhecido no valor de 1,2 bilhão de euros nas contas da empresa. Se a justiça de Portugal declarar situação de "insolvência controlada", a empresa pode entrar com pedido de recuperação judicial. Com isso, terá a proteção da justiça para renegociar sua dívida sem que seus bens sejam confiscados. Contudo, isso poderá implicar no afastamento dos representantes da família Espírito Santo da gestão, devido às irregularidades de contabilidade que foram detectadas na ESI e que estão sendo investigadas pelas autoridades de Luxemburgo. O GSE está tentando vender ativos, renegociar os prazos da sua gigantesca dívida de 7 bilhões de euros e converter a maior parte dela em ações preferenciais da Rioforte, sua subsidiária não financeira. A companhia encontra-se atualmente sem acesso a financiamento nos mercados e teve seu rating reduzido recentemente pela agência de classificação de risco Moody's. Além disso, a instituição já atrasou o pagamento de títulos comerciais que foram subscritos por clientes do seu banco suíço, o Banque Privée Espírito Santo. O plano de renegociação de dívida e venda de ativos será submetido ainda à aprovação dos acionistas da ESI (na qual a família Espírito Santo tem 56% de controle), em uma Assembleia Geral marcada para 29 de julho. Na agenda da reunião consta o plano de recuperação do grupo e a nomeação de Caetano Espírito Santo Beirão da Veiga para o cargo de gerente-executivo. Outra proposta prevê a nomeação da consultoria KPMG para assumir a revisão de contas, substituindo a Machado da Cruz. A ESI é a principal acionista do Grupo Espírito Santo, detendo 100% da Rioforte. Esta, por sua vez, é dona de 49% do Espírito Santo Financial Group (ESFG), o maior acionista do Banco Espírito Santo (BES), com 25% de participação. É neste contexto particularmente difícil que o pedido de insolvência poderá constituir uma salvaguarda, impedindo os credores de executarem as dívidas durante as próximas semanas. A seu favor, a ESI tem o fato de, tradicionalmente, Luxemburgo ser mais generoso com os devedores insolventes do que outras jurisdições.

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