quarta-feira, 9 de julho de 2014

DESASTRE HISTÓRICO 11 - PUBLICIDADE NO INTERVALO E DEPOIS DO JOGO TORNOU TUDO MAIS SURREALISTA

Não há condições técnicas — não ainda ao menos — de programar uma publicidade para a vitória e outra para a derrota. E, é natural — não estou censurando ninguém —, os produtos anunciados (cerveja, bancos, carros etc.) vinham embalados por euforia e otimismo. Só que a realidade era bem outra. Ok, meus caros, já aconteceu antes. A minha geração — estou com 52 — não teve “Maracanaço”, mas teve a derrota para a Itália em 1982. Ocorre que nós todos amávamos aquele time, mesmo com os seus defeitos. Era inequívoco que jogava com talento incomum — embora tivesse uma defesa descuidada. Também naquele caso e em outros tantos, a propaganda refletia uma realidade que já não nos pertencia mais. Desta feita, não foi a derrota em si que tornava a coisa toda meio surrealista, mas a forma como se deu e, obviamente, o placar. Apesar da euforia, é evidente que havia e que há certo clima desconfiança cercando a realização do torneio no Brasil. No intervalo, lá estavam as mensagens ufanistas e insuportavelmente alegres, quando perdíamos por 5 a zero. Terminado o jogo, voltaram os comerciais. De novo, lá estávamos nós, os felizes imbatíveis da tela, derrotados na vida real por sete a um. No futuro, e a tecnologia se encarrega do assunto, é o caso de pensar alternativas para a vitória e para a derrota. Mas não se peça a ninguém, nem acho que seja o caso, que se faça um anúncio para a humilhação. Por Reinaldo Azevedo

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