sexta-feira, 18 de julho de 2014

CRISTÃOS SÃO OBRIGADOS A FUGIR DE MOSUL PARA NÃO SEREM ASSASSINADOS PELOS TERRORISTA ISLÂMICOS

Grupos de cristãos fugiram nesta sexta-feira de Mosul, a segunda maior cidade do Iraque, após o fim do prazo concedido pelo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) para que deixassem a localidade, tomada pelos jihadistas em 10 de junho. O pároco de uma igreja da cidade vizinha de Al Hamdaniya, Bashar al Kadia, disse que mais de 110 famílias se refugiaram no povoado e pelo menos outras vinte foram para a localidade de Bashiga. O EIIL tinha dado três dias para que todos os cristãos locais deixassem a cidade. Uma das pessoas que fugiram, Ran Yacob, disse que os extremistas roubaram jóias, dinheiro, móveis e objetos pessoais quando as famílias passaram pelos postos de controle que jihadistas instalaram na saída de Mosul. O califado é um Estado islâmico governado por um único líder político e religioso, o Califa. Califas são considerados por seus seguidores como sucessores de Maomé e soberanos sobre todos os muçulmanos. O primeiro califado surgiu depois da morte do profeta Maomé, no ano de 632. Nos séculos que se seguiram, foram criados outros califados no Oriente Médio e no Norte da África. O último califado foi abolido em 1924 pelo líder turco Kemal Ataturk, criador do Estado moderno turco, depois do colapso do Império Otomano. Após assumir o controle da cidade de Mosul, o EIIL impôs uma interpretação radical da lei islâmica, a sharia, proibiu o álcool e o tabaco e obrigou as mulheres a usarem véus que escondem o corpo e o rosto. Em 27 de junho, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou que 10.000 pessoas tinham deixado a cidade de Qaraqosh, de maioria cristã, no norte do Iraque, em direção à região autônoma do Curdistão. Ao lado de outros grupos insurgentes sunitas, o EIIL avançou por diversas zonas do Iraque, enfrentando as forças leais ao governo do xiita Nouri al Maliki. No final do mês passado, o grupo extremista proclamou a instauração de um califado nas zonas sob seu domínio, entre as províncias síria de Aleppo e a iraquiana de Diyala. Os conflitos recentes no Iraque já deixaram 5.576 mortos neste ano, segundo relatório das Nações Unidas (ONU) divulgado nesta sexta-feira. O documento trata do problema humanitário desencadeado pela ofensiva dos militantes sunitas no país. O número de feridos desde o início do ano até o final de junho é de 11.665. Aqueles que tiveram de fugir de suas casas por causa dos conflitos totalizam 1,2 milhão de pessoas. Os dados mostram um aumento do conflito em relação a 2013. Ano passado, que já foi um dos mais violentos do Iraque, 7.800 civis morreram. O conflito "infligiu grande dificuldades e sofrimento à população civil, incluindo assassinatos em massa, ferimentos, destruição de vidas e de propriedades", afirmou o relatório. O documento traz indicações de que os abusos foram cometidos por ambas as forças envolvidas no conflito. Os militantes jihadistas são acusados de violência sexual e sequestros, enquanto o governo do Iraque fez execuções sumárias, de acordo com a ONU.

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