terça-feira, 10 de junho de 2014

CPI DA PETROBRAS GOVERNISTA ALIVIA DEPOIMENTO DO "HOMEM-BOMBA", QUE NÃO COMPROMETE NINGUÉM

A CPI da Petrobras no Senado Federal superou seus próprios limites nesta terça-feira. Que a comissão promova um festival de depoimentos inócuos, destinados à defesa de governistas – como a presidente da estatal, Graça Foster, e seu antecessor, José Sérgio Gabrielli – não surpreende. Tampouco causa estranheza que o plano de trabalho tenha sido cuidadosamente montado pelo governo para evitar investigações sobre a empresa. Nesta terça-feira, porém, a bancada governista decidiu aliviar o depoimento de Paulo Roberto Costa, um dos principais personagens da Operação da Lava-Jato da Polícia Federal. Até cruzar a porta da comissão na manhã desta terça-feira, o ex-diretor de Abastecimento e Refino da estatal era chamado de "homem-bomba" nos corredores do Congresso, justamente pelo histórico de relações que manteve com parlamentares de diversos partidos – alguns, inclusive, também encrencados com a polícia. Mas o que se viu foram trocas de gentilezas entre Costa e senadores do PT. Sem comprometer ninguém, o ex-diretor da Petrobras ainda teve espaço para dizer, com a voz embargada e olhar marejado, que a "história irá dizer por que foi feita essa maldade" com ele. E ironizou a fama de temido por parlamentares: "Não existe homem-bomba nenhum". Costa chegou a afirmar que guardar 700.000 reais em espécie na sua casa porque "tinha necessidade de ter dinheiro vivo" para fazer pagamentos, como impostos de sua empresa de consultoria. “Podia fazer transações bancárias, mas não há nada que me impeça de ter dinheiro em casa”, afirmou. Nenhum senador do PT estranhou nem quis saber a origem do montante. Para a Polícia Federal, esse dinheiro era oriundo de propina e desvios de contratos da Petrobras Ao longo das quatro horas de depoimento, Costa aparentou tranquilidade e não demonstrou constrangimento nos dois meses que passou encarcerado. Ele responde na Justiça do Paraná com mais nove pessoas pelo crime de lavagem de dinheiro e indícios de um amplo esquema de desvio de recursos envolvendo a Refinaria Abreu e Lima, entre os anos de 2009 a 2014. Além disso, a Polícia Federal investiga uma série de negócios de Paulo Roberto Costa em parceria com o doleiro Alberto Youssef, apontado como mentor do esquema criminoso.

Nenhum comentário: