quinta-feira, 15 de maio de 2014

DEPUTADO FEDERAL LUIZ ARGÔLO ERA CLIENTE DE DOLEIRO E COMBINA ENCONTROS COM EMPREITEIRAS

Um relatório da Polícia Federal concluído nesta quinta-feira confirma que o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) era um dos clientes do doleiro Alberto Youssef. O juiz federal Sérgio Moro determinou a remessa ao Supremo Tribunal Federal das conclusões policiais e das transcrições de conversas telefônicas de Youssef em que Argôlo aparece como interlocutor do doleiro. Em decisão publicada nesta quinta-feira, Moro destaca que mensagens interceptadas na operação Lava-Jato revelaram indícios de negócios comuns do doleiro e do deputado. Como Argôlo possui foro privilegiado por ser parlamentar, só o Supremo poderá decidir se ele deve ser investigado por essas suspeitas de crime. Moro destaca que, em nenhum momento, o deputado foi alvo da operação e que só foi descoberto seu envolvimento com o doleiro porque os telefones de Youssef foram monitorados. O relatório policial diz que eles trocaram 1.411 mensagens e o deputado tinha um telefone exclusivo para falar com o doleiro. Em diversos momentos, há cobrança de dinheiro pelo deputado. Um dos endereços de entrega foi a residência funcional do parlamentar em Brasília, indicam os policiais. No dia 18 de setembro do ano passado, o deputado e Youssef combinaram a entrega de 270.000 reais ao parlamentar. Em 15 de outubro, combinaram novo repasse de recursos, com 40.000 reais que seriam para outras pessoas e de 20.000 a 30.000 reais para o próprio Argôlo. No dia 27 de fevereiro deste ano, o deputado cobrou o repasse de 280.000 reais para outra pessoa, mencionada apenas como “V”. Uma das novidades do relatório é a revelação de que Youssef e Argôlo combinaram encontros com diretores de empreiteiras que são grandes fornecedoras da Petrobras e importantes doadoras de campanha. A polícia suspeita que no dia 14 de outubro de 2013 a dupla se reuniu com Mateus Coutinho, diretor-financeiro da OAS S.A, na casa do doleiro, em Vila Nova Conceição, São Paulo. Durante as operações de busca e apreensão de documentos nos endereços de Youssef, a polícia apreendeu um cartão de visita de Coutinho em um escritório do doleiro. No dia 27 de novembro do ano passado, Youssef perguntou se Argôlo terminou uma reunião e informou, em seguida: “Estou na Angélica saindo do Matheus”. O escritório central da OAS fica na Avenida Angélica, em Higienópolis, região central de São Paulo. Outra suspeita da Polícia Federal é de que, no dia 12 de março, Youssef esteve no escritório de Coutinho: “To no Matheus aguardando ele. Vai me atender”. Já se sabe que a OAS depositou 1,6 milhão de reais em contas bancárias da MO Consultoria, uma das empresas de fachada comandadas pelo doleiro, de acordo com a investigação policial.  Também foram identificados contatos de Youssef com o empresário Ricardo Pessoa, sócio-diretor do grupo UTC/Constran. Para a polícia, as conversas indicam que Argôlo marcou uma reunião com o empresário no dia 14 de outubro. Youssef recebeu a seguinte mensagem, que a polícia suspeita ter sido enviada por Pessoa: “Essa moça está mandando msg (já enviou 4 so hoje) dizendo que você não apareceu. Abs RP”. O juiz deu cinco dias para que o Ministério Público Federal emita parecer sobre o relatório policial. Depois desse prazo, os documentos serão finalmente remetidos ao Supremo Tribunal Federal.

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