quarta-feira, 16 de abril de 2014

O "DEMÓSTENES DO PT", ANDRÉ VARGAS, ADIA RENÚNCIA AO MANDATO PARLAMENTAR

Depois de anunciar para esta terça-feira sua renúncia ao mandato na Câmara para minimizar o desgaste sobre seu envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, o "Demóstenes do PT", deputado André Vargas (PT-PR), mudou o discurso e agora diz que há um “impasse” e que está “reestudando” o afastamento. O petista exaltou a preocupação com o fato de que vai continuar respondendo a processo disciplinar, mesmo após o desligamento da Casa. “A Câmara é que está dizendo que não posso renunciar. Estou impedido”, afirmou André Vargas. Em verdade, Vargas não está impedido de renunciar, mas a atitude seria inócua em afastá-lo das investigações. A alegação se dá pelo fato de que, estando ou não no mandato, o Conselho de Ética dará continuidade ao processo aberto contra Vargas na semana passada. Dessa forma, seu nome se manteria nos holofotes até o fim da ação, que tem prazo de até noventa dias para ser concluída pelo colegiado – ou seja, pode terminar apenas em julho. Também por mensagem, o deputado petista enviou o trecho de mudança feita à Constituição que determina que a “renúncia de parlamentar submetido a processo que vise ou possa levar à perda do mandato terá seus efeitos suspensos até as deliberações finais”. O petista vem sendo pressionado pelo PT a entregar o cargo sob a ameaça de ser excluído do partido. Após reunir-se com dirigentes petistas na noite de segunda-feira, em São Paulo, o parlamentar anunciou que atenderia ao apelo e se afastaria da Casa. Como já enfrenta um processo disciplinar, Vargas ficará inelegível se entregar o mandato, podendo voltar a concorrer a um cargo eletivo apenas nas eleições municipais de 2024. Por outro lado, se decidir não renunciar, ele se arriscará a enfrentar um processo de cassação – que, se aprovado, também o tornará inelegível. De dezembro para cá, seis deputados optaram por entregar o mandato para fugir da ação de perda de mandato. Conhecido estrategista, Vargas estuda saída que lhe trará menor dano. “Eu não entendo o motivo de uma renúncia após o início do processo. É inócua e isso não vai mudar minha postura e minha conduta nesse trabalho”, disse o relator do caso no Conselho de Ética, deputado Júlio Delgado (PSB-MG). A tendência é que o deputado apresente na próxima semana parecer que aceite a denúncia contra o parlamentar e inicie as apurações sobre o envolvimento dele com o doleiro Alberto Youssef.

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