quarta-feira, 2 de abril de 2014

ENTRE OS INVASORES DA AULA NA SÃO FRANCISCO, UM DISCÍPULO MARIGHELLA, O QUE HOMEM QUE DIZIA "SER VIOLENTO OU TERRORISTA ENOBRECE"

Vejam esta imagem.

Invasão Fon
A esmagadora maioria da imprensa insiste na fábula da luta dos Chapeuzinhos Vermelhos contra os Lobos Maus, e, por amor aos fatos e à história, reitero que, em 1964, o país iniciou a trajetória rumo ao estado da natureza, com o homem sendo o lobo do homem. Eram concepções opostas e combinadas do Estado Leviatã. A única chance de isso resultar em civilização é a ordem democrática. Quem a queria? Ninguém.
A imagem acima, como muitos já perceberam, é um flagrante da invasão da aula do professor Eduardo Gualazzi, da Faculdade de Direito da USP, promovida por estudantes de extrema esquerda, que certamente consumiram mais Toddynho & Sucrilho do que literatura marxista — ou não protagonizariam uma pexotada ridícula como aquela.
Quem é aquele senhor no círculo vermelho? E o hoje militante petista Antônio Carlos Fon, 68 anos, ligado, desde que o mundo é mundo, ao Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. O que faz lá, invadindo uma aula na São Francisco? Sabem como é… Toda praça é praça para levar adiante “a luta”.
Fon foi militante da área de Inteligência da ALN (Ação Libertadora Nacional), comandada por Carlos Marighella. Era jornalista e cobria  a área de polícia, infiltrado — era a sua tarefa — justamente no meio policial que estava ligado à repressão. Sua missão era se fazer de íntimo da turma para colher informações que facilitassem as ações terroristas da ALN.
Eu falei em “ações terroristas”? Mas, afinal, a ALN praticava terrorismo? Os jovens vitaminados com sucrilho, mas não necessariamente com livros, não precisam acreditar em mim. Devem acreditar em Marighella, que escreveu o Minimanual do Guerrilheiro Urbano. E de lá que extraio os trechos abaixo. Leiam. Os entretítulos em azul são meus. Volto em seguida.
TRECHOS DO MANUAL DE MARIGHELLA
Já na abertura
A acusação de “violência” ou “terrorismo” sem demora tem um significado negativo. Ele tem adquirido uma nova roupagem, uma nova cor. Ele não divide, ele não desacredita, pelo contrário, ele representa o centro da atração. Hoje, ser “violento” ou um “terrorista” é uma qualidade que enobrece qualquer pessoa honrada, porque é um ato digno de um revolucionário engajado na luta armada contra a vergonhosa ditadura militar e suas atrocidades.
Missão
O guerrilheiro urbano é um inimigo implacável do governo e inflige dano sistemático às autoridades e aos homens que dominam e exercem o poder. O trabalho principal do guerrilheiro urbano é de distrair, cansar e desmoralizar os militares, a ditadura militar e as forças repressivas, como também atacar e destruir as riquezas dos norte-americanos, os gerentes estrangeiros, e a alta classe brasileira.
(…)
é inevitável e esperado necessariamente, o conflito armado do guerrilheiro urbano contra os objetivos essenciais:
a. A exterminação física dos chefes e assistentes das forças armadas e da polícia.
É pra matar
No Brasil, o número de ações violentas realizadas pelos guerrilheiros urbanos, incluindo mortes, explosões, capturas de armas, munições, e explosivos, assaltos a bancos e prisões, etc., é o suficientemente significativo como para não deixar dúvida em relação as verdadeiras intenções dos revolucionários.
A execução do espião da CIA Charles Chandler, um membro do Exército dos EUA que veio da guerra do Vietnã para se infiltrar no movimento estudantil brasileiro, os lacaios dos militares mortos em encontros sangrentos com os guerrilheiros urbanos, todos são testemunhas do fato que estamos em uma guerra revolucionária completa e que a guerra somente pode ser livrada por meios violentos.
Esta é a razão pela qual o guerrilheiro urbano utiliza a luta e pela qual continua concentrando sua atividade no extermínio físico dos agentes da repressão, e a dedicar 24 horas do dia à expropriação dos exploradores da população.
Razão de ser
A razão para a existência do guerrilheiro urbano, a condição básica para qual atua e sobrevive, é o de atirar. O guerrilheiro urbano tem que saber disparar bem porque é requerido por este tipo de combate.
Tiro e pontaria são água e ar de um guerrilheiro urbano. Sua perfeição na arte de atirar o fazem um tipo especial de guerrilheiro urbano – ou seja, um franco-atirador, uma categoria de combatente solitário indispensável em ações isoladas. O franco-atirador sabe como atirar, a pouca distância ou a longa distância e suas armas são apropriadas para qualquer tipo de disparo.
Espalhando o terror
[a guerrilha deve] provar sua combatividade, decisão, firmeza, determinação, e persistência no ataque contra a ditadura militar para permitir que todos os inconformes sigam nosso exemplo e lutem com táticas de guerrilha urbana. Enquanto tanto, o governo (…) [terá de retirar] suas tropas para poder vigiar os bancos, industrias, armarias, barracas militares, televisão, escritórios norte-americanas, tanques de armazenamento de gás, refinarias de petróleo, barcos, aviões, portos, aeroportos, hospitais, centros de saúde, bancos de sangue, lojas, garagens, embaixadas, residências de membros proeminentes do regime, tais como ministros e generais, estações de policia, e organizações oficiais, etc.
[a guerrilha deve] aumentar os distúrbios dos guerrilheiros urbanos gradualmente em ascendência interminável de tal maneira que as tropas do governo não possam deixar a área urbana para perseguir o guerrilheiro sem arriscar abandonar a cidade, e permitir que aumente a rebelião na costa como também no interior do pais
Retomo
E então? O que lhes pareceu? Marighella, como se nota, não tinha nada a ver com aquele verso tonto de Geraldo Vandré, sobre os que “acreditam nas flores vencendo o canhão”. Não! Era o canhão vencendo o canhão. Na impossibilidade de os terroristas terem um, então recorriam a outras táticas letais. Está confessado ali.
Gualazzi teve a sua aula interrompida justamente quando falava do caráter autoritário e discricionário do comunismo. Foi interrompido por um dos “fiéis de Marighella”. Ao fazê-lo, o grupo dava razão, teórica ao menos, ao professor.
Fon foi, sim, preso em 1969 e, segundo diz, torturado. Isso lhe confere legitimidade para sair por aí invadindo aulas daqueles de quem discorda? É claro que não! Ou os que justificam a sua ação aceitariam que críticos do caráter violento e assumidamente terrorista da ALN arrombassem a sala de admiradores de Marighella e de suas táticas terroristas?
Aí um mistificador de plantão esperneia: “Esse Reinaldo Azevedo tenta equiparar as coisas; a luta da ALN era moralmente superior!”. Era? Só na China e na URSS o regime defendido por Marighella havia matado, até então, mais de 100 milhões de pessoas. “Ninguém sabia disso!”, grita o fortinho do sucrilho, mas fraquinho de livirinhos. Os crimes de Stálin, por exemplo, já tinham sido denunciados em 1937. É que essa gente gostava, e gosta ainda, de uma ditadura.
A propósito da superioridade moral da esquerda terrorista, leiam quais eram os alvos de ataques terroristas, segundo Marighella, cuja cartilha Fon, o libertário da São Francisco, seguia. Volto para encerrar.
Minimanual Marighella 1
Minimaul Marighella 2
Encerro
As ofensas, já as conheço todas. Não resolvem nada. Podem servir para dar a sensação de vitória no debate entre ignorantes. Os inconformados tentem contestar logicamente o que aqui vai, não ideologicamente. Até porque, como se nota, não estou xingando nem ofendendo ninguém. Só faço justiça ao que Marighella realmente pensava, não ao que dizem que ele pensava. Tentem demonstrar, então, que, naqueles dias, travou-se uma luta entre Lobos Maus e inocentes Chapeuzinhos Vermelhos — vermelhos, sim, mas “Chapeuzinhos” não; inocentes tampouco. Tentem evidenciar que os libertários estavam mesmo querendo proteger a vovó da história: a democracia.
Fon entrou na sala de aula porque acha inaceitável que um professor possa dizer que o Minimanual do Guerrilheiro Urbano, de Marighella, seu mestre, não era um exemplo acabado de amor pela humanidade. Para encerrar: alguém poderia perguntar por que essas coisas todas não estão devidamente explicitadas na grande imprensa. Ao longo dos anos, tenho dado essa resposta. De maneira mais pontual, dirijam a pergunta aos que escondem a história. Deve haver alguma razão objetiva para isso. Sempre há. Por Reinaldo Azevedo

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