sexta-feira, 25 de abril de 2014

CORONEL QUE CONFESSOU TORTURA APARECE MORTO, TÊM INÍCIO AS TEORIAS CONSPIRATÓRIAS

O coronel reformado do Exército Paulo Malhães foi encontrado morto na manhã desta sexta-feira, no sítio em que morava em Nova Iguaçu (cidade na Baixada Fluminense). O corpo apresentava marcas de asfixia, segundo a Polícia Civil. Malhães prestou depoimento em março à Comissão Nacional da Verdade em que relatava ter participado de prisões e torturas durante a ditadura militar. Dias antes, à Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, afirmou ter sido um dos chefes do grupo envolvido com a prisão do ex-deputado federal Rubens Paiva, morto sob tortura em dependências do Exército em 1971. Na ocasião, admitiu ter participado da operação de sumiço do corpo do parlamentar, mas ao falar à Comissão Nacional voltou atrás nas declarações e negou envolvimento no caso. De acordo com o relato da viúva do coronel, Cristina Batista Malhães, três homens invadiram o sítio de Malhães na noite de quinta-feira, 24, à procura de armas. O coronel seria colecionador de armamentos, disse a mulher aos policiais da Divisão de Homicídios da Baixada que estiveram na propriedade. Cristina disse que ela e o caseiro foram amarrados e trancados em um cômodo, das 13 às 22 hors de quinta-feira pelos invasores. Em seu blog, o coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra afirmou que Malhães foi assassinado e, no mesmo texto, lembrou a morte de outro coronel, também ex-agente da ditadura, Júlio Miguel Molina Dias, ocorrida em 2012. Ustra comandou o DOI-CODI, em São Paulo, entre 1970 e 1974. No fim de março, durante atos que lembraram os 50 anos do golpe militar, Ustra foi alvo de manifestações de grupos de direitos humanos que pedem a punição de ex-agentes da ditadura.
Comento
O fato já vem pronto para as teorias conspiratórias. Alguns dirão que foi vítima de grupos de extrema direita, que estariam interessados no seu silêncio. Outros dirão que morreu em razão da ação de vingadores da extrema esquerda. Tudo é possível? Gente como esse coronel perde o direito de ser vítima de crime comum — o mais provável, acho eu. Durante seu depoimento, pareceu-me já um tanto alheio à realidade. O espetáculo foi deprimente. Fez confissões que me soaram um tanto megalômanas e depois recuou. Vamos ver. Uma coisa é certa: a investigação tem de ser cercada de todos os cuidados. Qualquer nota fora do tom dará início a reações paranoicas. Por Reinaldo Azevedo

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