quarta-feira, 9 de abril de 2014

ADVOGADO DE DOLEIRO DIZ QUE YOUSSEF FOI "ASSEDIADO" NA CARCERAGEM DA POLÍCIA FEDERAL EM CURITIBA

Antonio Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef, disse nesta terça-feira que seu cliente foi "assediado" na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, no Paraná, e que por isso solicitou à Justiça Federal que fosse limitado o acesso aos presos na operação Lava-Jato. Ele não apresentou nomes das pessoas que procuraram seu cliente, nem deu provas à Justiça de que tais contatos ocorreram. Desde segunda-feira, por determinação judicial, apenas familiares ou advogados com procuração anexada ao processo podem ter acesso aos detentos. Entre os presos estão o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e outros doleiros investigados pela movimentação de cerca de 10 bilhões de reais em operações de lavagem de dinheiro. A decisão do juiz Sergio Moro foi motivada pela revelação, em reportagem de VEJA desta semana, de que o deputado federal André Vargas (PT-PR) enviou um emissário à carceragem para negociar o silêncio do doleiro. O recado de Vargas foi claro: "Se eu cair, levo gente de cima". Figueiredo Basto disse que as pessoas que procuraram seu cliente estavam interessadas em saber se o doleiro ia colaborar com as investigações. "Youssef foi assediado por pessoas que queriam saber o que ele pretende fazer, se vai fazer delação premiada ou não. O objetivo dos assediadores era planejar alguma coisa. Pedi restrição às visitas, porque precisamos dar tranquilidade a ele. Meu cliente tem um problema cardíaco gravíssimo", disse o advogado. O defensor admite que vai aproveitar o envolvimento do deputado federal André Vargas (PT-RS) com o doleiro para solicitar que o processo inteiro seja enviado ao Supremo Tribunal Federal, devido ao foro privilegiado do parlamentar. O trecho do processo que envolve Vargas já foi remetido ao STF pelo juiz Sérgio Moro. Mas Figueiredo Basto defende que todo o processo de Youssef passe à análise do STF. Recursos do gênero costumam atrasar o andamento de processos, mas Figueiredo Basto nega que seja esse seu objetivo. Youssef é o pivô de um dos processos criminais abertos como consequência da operação Lava-Jato – há um procedimento para cada doleiro apontado como líder de uma organização e pivô de um esquema (além de Youssef, Raul Srour, Nelma Kodama e Carlos Habib Chater. “Queremos que o Supremo Tribunal Federal fique com toda a investigação em relação ao Alberto Youssef, porque existe uma conexão temática de prova com o envolvimento do deputado André Vargas. Se existia influência do deputado em favor do laboratório Labogen e se ele era sócio da empresa, todas as acusações contra o Youssef têm que ser encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal”, afirmou. Como mostrou VEJA, Vargas e Youssef trabalhavam de maneira coordenada para obter contratos para o laboratório Labogen, de propriedade do doleiro, com o Ministério da Saúde. Nas conversas telefônicas interceptadas com autorização da Justiça, Vargas informa que “vai atuar” em favor dos interesses de Youssef. A ajuda foi materializada em um contrato inicial de 30 milhões de reais firmado com a pasta. Com o envio de parte do processo ao STF, caberá ao tribunal decidir pelo prosseguimento da investigação sobre as relações do petista com o doleiro. A 13ª Vara Federal do Paraná determinou a separação das provas obtidas pela Polícia Federal sobre a relação entre Vargas e Youssef dos demais relatórios da Lava-Jato.

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