domingo, 16 de março de 2014

VEJA COMO SE "DEMONIZA" UM PEEMEDEBISTA, DETESTADO POR DILMA ROUSSEFF E PELOS PETISTAS, DE UMA MANEIRA QUE MAL DISFARÇA O ATIVISMO PRÓ-PETISMO NA IMPRENSA

Tenho sido crítico constante do PMDB e de suas lideranças nacionais, e não tenho nenhum motivo especial para manter simpatia pelo líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados, o deputado federal Eduardo Cunha. Ocorre que esse parlamentar está comandando no Congresso Nacional o tal de "Blocão", que passou a se opor ao governo Dilma e dos petistas. Pronto, foi o sinal para que quase toda a imprensa brasileira, com  redações francamente pró-petistas, quando não ostensivamente petistas, passar a "demonizar", "satanizar", a imagem do deputado Eduardo Cunha. Uma pequena matéria, publicada na edição deste domingo do jornal Zero Hora, na editoria de Política, chega a ser escandalizando em seu ativismo pró-petista. Vou analisar essa matéria parágrafo a parágrafo e demonstrar esse viés petista, além de esquerdopata. Vamos à matéria (ela vai em vermelho, meus comentários estarão em azul):
"Evangélico, Cunha tem aliados suspeitos de ligação com milícia
Não dá nem para esperar pelo corpo da matéria, já é preciso começar a critica ao ativismo petista pela análise do próprio título da matéria. Ao deputado federal Eduardo Cunha é atribuído ser "evangélico", e associado a isso a qualidade de ter aliados ligados a milícias. Ah..... dá licença. O que quer dizer isso? Quereria dizer que, por ser "evangélico", ele não poderia ter aliados que seriam "suspeitos de ligação com milícia"? Quereria dizer que, se fosse católico, poderia ter aliados ligados a milícias? É evidente que houve uma intenção de ligar "evangélico" com "milícia". E uma ligação preconceituosa, porque "evangélico", em geral, na concepção desse povo, é de periferia, favela, morro, subúrbio, e é lá que operam as "milícias". Então, por ser evangélico, Eduardo Cunha não deveria ter em sua proximidade gente suspeita de ligação com milícias? Mas, nunca vi a Zero Hora, em qualquer uma de suas milhares de matérias, pelo menos nas últimas duas décadas, condenar qualquer petista por suas ligações explícitas com organização bandida, assassina, traficante de drogas, de armas e de pessoas, como as Farc. Nunca vi nenhuma matéria de Zero Hora referindo-se aos bandidos ex-presidentes do PT, José Dirceu e José Genoíno, como "bandidos", que é o que efetivamente são, com atestado passado em última instância pelo Supremo Tribunal Federal. Quer dizer que aos petistas é legítimo estabelecer quaisquer relações, apenas porque são de "esquerda", são supostamente "progressistas", são supostamente do "bem"? 
Ao mesmo tempo em que discute a crise de energia ou faz críticas ao PIB, o líder do PMDB na Câmara Eduardo Cunha não se esquece da política no varejo – participa de cruzadas evangélicas e até de casamentos comunitários. Não à toa, foi o quinto deputado mais votado do Rio, com 150.616 votos colhidos em todos os 92 municípios fluminenses.
Mais uma vez, parece, pelo tom desse parágrafo, que o deputado federal evangélico Eduardo Cunha, faria coisas incompatíveis, como cuidar do PIB nacional e da crise de energia, e, ao mesmo tempo, andar pelos subúrbios, vias e favelas, fazendo política. Por que, seria feiro e incompatível a um líder da bancada do PMDB andar no meio do pobrerio? 
Antes de se eleger pela primeira vez pelo PPB (antigo PP) em 2002 e ganhar prestígio no Congresso, Cunha já dominava as entranhas da administração pública estadual. No governo Anthony Garotinho (1999-2002), foi presidente da Telerj e da Companhia Estadual de Habitação (Cehab). Ambos estão rompidos, e Cunha evita falar o nome do desafeto. Chama-o de garoto de recados da ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. Hoje, Cunha é próximo do governador Sérgio Cabral e do prefeito Eduardo Paes, ambos do PMDB.
Neste parágrafo, é evidente a vontade de demonstrar que o deputado federal Eduardo Cunha é um serviçal do poder, que procura estar sempre próximo do poder. E que, além disso, é um infiel, que troca de partido. Vejam só, que crime!!!!!
A lista de aliados no Rio inclui figuras como os irmãos Brazão (o deputado estadual Domingos e o vereador Chiquinho), suspeitos de serem ligados a milícias. Um advogado lotado no gabinete do parlamentar chegou a ser preso, acusado de ser o braço jurídico de um grupo paramilitar que domina favelas. Domingos declarou 24 doações à campanha de Cunha, segundo a Justiça Eleitoral (total de R$ 63,2 mil). O dinheiro que vai, também retorna: Cunha doou R$ 250 mil à campanha de Domingos.
Muito interessante. Quer dizer que Eduardo Cunha tem essas relações "promíscuas" com milícias que atuam em favelas no Rio de Janeiro, mas os petistas não têm esses problemas? Os petistas não criaram, afinal, a maior organização criminosa que já operou no País e que atuou no maior crime continuado já cometido no Brasil, o de atentar contra o Estado Democrático de Direito e seus fundamentos, um crime de lesa-pátria? Zero Hora nunca disse isso. 
Entre os doadores de Cunha, não há empreiteiras. A influência das construtoras é mascarada: o PMDB recebeu R$ 16 milhões delas, e doou a maior parte dos R$ 4,7 milhões que custaram a eleição de Cunha. O deputado defendeu os interesses delas na Lei Geral da Copa e emplacou o regime diferenciado de contratações (RDC), que permite uma licitação com menos amarras.
A matéria é de uma profunda hipocrisia. Bastaria analisar as contas de campanha de candidatos mais votados nos mais diversos partidos, escolher aqueles que tiveram gordas doações dos seus próprios partidos, e investigar de onde veio o dinheiro. Sugiro uma pauta para a editoria de Política de Zero Hora: pergunte ao prefeito de Canoas, Jairo Jorge, qual a origem das doações do PT para a campanha dele? Pergunte se não teve lixo na campanha dele.
Outro aliado seu vai disputar a Presidência da República: o pastor Everaldo Pereira, do PST (um dos partidos do blocão), que, em algumas pesquisas, aparece com 3% dos votos.
Qual o problema se um pastor evangélico, Everaldo Pereira, do PST, pretende disputar a Presidência da República? Evangélicos estão proibidos de ter essa pretensão? Mas as comunidades eclesiais de base da Igreja Católica, aquelas de onde saiu o famigerado Silvinho "Land Rover" Pereira, podem apresentar candidaturas? Aquela gente do MST, apoiada pela CNBB e CIMI, pode apresentar candidaturas sem qualquer estranheza de parte da Zero Hora?
Cunha é movediço. Transita entre figurões de Brasília com a mesma desenvoltura com que percorre subúrbios do Rio e da Baixada Fluminense, seus redutos eleitorais. Seu esporte predileto é destratar petistas. Os alvos vão do governador Tarso Genro, que o criticou por estar atrapalhando a votação do projeto da dívida dos Estados, ao presidente nacional da sigla, Rui Falcão.
Chamar Eduardo Cunha de "movediço" é a mais escarrada intenção da diminuição do papel do deputado federal. "Movediço" seria, assim, algo como um "bandido sorrateiro". Tanto que, apesar de transitar "entre figurões de Brasília" ele anda com a mesma desenvoltura entre os eleitores de vilas e favelas do Rio de Janeiro e da Baixada Fluminense. Que coisa, não é mesmo? Esse cara é um perigo, um horror! Ora, dá licença. Mas, neste parágrafo, redator e editor de Política da Zero Hora são traídos pelo inconsciente: dizem que o "esporte predileto" do parlamentar Eduardo Cunha é "destratar petistas". Ora, onde já viu isso?!!!! Não pode, petistas não podem ser destratados.... Isso é uma das maneiras mais primárias de desqualificar um adversário, a de tentar demonstrar que ele é vil, baixo, portador de baixas qualidades, um desqualificado, em último análise. E Eduardo Cunha seria um "desqualificado" porque, vejam só, tem o mau hábito de destratar petistas. Mas, o esmero mesmo do texto vem a seguir: imaginem que Eduardo Cunha tem  atrapalhado Tarso Genro na sua intenção de ver votado o projeto que renegocia os índices da dívida dos Estados. Isso é verdadeiramente criminoso. E, por extensão, ele também não poderia estar criticando o magnífico presidente nacional do PT, Rui Falcão, por acaso um ex-jornalista neotrotskista (foi membro do antigo POC - Partido Operário Comunista). 
Apesar dos embates, Cunha jamais perde o bom humor – principalmente quando se refere a protegidos de Dilma, como o secretário do Tesouro, Arno Augustin, que ganhou espaço como interlocutor da presidente na área econômica após a saída de Nelson Barbosa da secretaria executiva da Fazenda: "Parece que trocaram uma Brastemp (Barbosa) por um Arno" – ironiza.
A gente fica na dúvida se, apesar de tão desqualificado, Zero Hora está vendo algo positivo ou negativo no fato de Eduardo Cunha, "apesar dos embates", ser um sujeito que "jamais perde o bom humor". Seria talvez ruim essa atitude? Deveria Eduardo Cunha ter uma aparência igual à do petista Arlindo Pasqualini, reconhecido como "uma simpatia"?

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