sábado, 15 de março de 2014

POLÍCIA CIVIL GAÚCHA INDICIA MILITANTES DO PSOL E PSTU POR ATOS DE VANDALISMO

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul indiciou nesta sexta-feira sete pessoas acusadas de promover e incitar atos de vandalismo, furto qualificado, porte de material explosivo e formação de milícia privada em protestos ocorridos em junho do ano passado. Entre os indiciados, dois exercem cargos de liderança em grupos estudantis ligados a partidos de esquerda: Lucas Maróstica (PSOL) e Matheus Gomes (PSTU). Ambos já se candidataram a vereador pelas legendas e são figuras frequentes nos protestos realizados em Porto Alegre. Segundo o delegado Marco Antônio Duarte, responsável pela investigação, os indiciados formaram um grupo que planejou ataques e depredações ao patrimônio público e privado durante as manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus na capital gaúcha. “Eles se organizaram antecipadamente e aproveitaram os protestos para promover depredações na cidade”, afirmou. De acordo com o Código Penal, o crime de formação de milícia privada prevê pena de quatro a oito anos de prisão para quem "constituir, organizar, manter ou custear organização paramilitar, milícia particular ou esquadrão com a finalidade" de cometer crimes. A lei, sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 2012, tem punição mais severa do que a prevista para formação de quadrilha, com pena estimada de 1 a 3 anos de reclusão. Em oito meses de investigação, a polícia cumpriu mandados de busca e apreensão nas residências e locais de encontro dos acusados, além de reunir depoimentos de testemunhas, imagens e vídeos para comprovar a autoria do grupo nos delitos. O resultado foi um relatório de três volumes com 192 páginas, que deve ser entregue à Justiça gaúcha nos próximos dias. Segundo o delegado, o grupo tem ligação com o Black Bloc de Porto Alegre. O ponto de partida da investigação foi o protesto do dia 27 de junho, no centro da cidade. O ato convocado pelo Bloco de Lutas, grupo do qual os acusados fazem parte, começou pacífico, mas terminou em confronto com a Polícia Militar e deixou um rastro de destruição. Na ocasião, o Palácio da Justiça foi danificado, lojas foram saqueadas, dois policiais militares (brigadianos, da Brigada Militar) ficaram feridos e oito manifestantes foram detidos. Entre eles estava um dos indiciados no inquérito. A ex-deputada Luciana Genro, filha do governador Tarso Genro (PT), chefona do PSOL gaúcho, e que advoga para o militante do PSOL, classificou como “escandaloso” o indiciamento dos manifestantes. Ela afirmou que a investigação é uma tentativa de "criminalizar movimentos sociais e partidos de esquerda", sobretudo o PSOL. “Tive acesso aos documentos do processo, não há absolutamente nenhuma prova que mostre que eles, Maróstica e Gomes, fizeram parte de uma ação para promover depredação ou quebradeira”, disse Luciana Genro, a filha do peremptório petista "grilo falante" Tarso Genro. Em seus perfis no Facebook, Maróstica e Gomes defenderam-se, dizendo que estão sendo perseguidos e que não há nenhuma prova contra eles. “Não somos milicianos, somos jovens em movimento. Mesmo sem provas, sem vídeos, sem imagens, a Polícia decidiu levar adiante o inquérito. Tudo para intimidar, acuar o processo de mobilizações. Essas ações policialescas colocam em xeque a "democracia" e escracham a perseguição política que estamos sofrendo”, publicou Maróstica nas redes sociais. Além de atuarem na juventude do PSOL e do PSTU, os dois estudam na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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