sexta-feira, 14 de março de 2014

DILMA ANUNCIA TROCA DE SEIS MINISTROS E USA SAÍDA "TÉCNICA" PARA SUBSTITUIR PEEMEDEBISTAS

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quinta-feira trocas em seis ministérios, em uma tentativa de acomodar aliados após uma crise na base, mas recorreu a "soluções técnicas" ao substituir peemedebistas, segundo avaliação do partido. As mudanças no primeiro escalão têm sido um dos alvos das recentes tensões entre PMDB e PT, que provocaram derrotas ao governo na Câmara dos Deputados nesta semana. Para comandar a Agricultura, pasta da cota do PMDB, a presidente decidiu promover o atual secretário de Política Agrícola, Neri Geller, para o lugar do deputado federal licenciado Antônio Andrade (PMDB-MG). No Turismo, o atual gerente de assessoria internacional do Sebrae, Vinicius Nobre Lages, assumirá o lugar do também deputado licenciado Gastão Vieira (PMDB-MA). A bancada do PMDB na Câmara, até então responsável por sugerir candidatos a esses dois postos, eximiu-se de indicar nomes após irritar-se com a condução da reforma ministerial. O presidente em exercício do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), afastou o envolvimento direto do partido na escolha dos novos nomes. Raupp disse claramente que as nomeações não obedeceram a critérios políticos. "Foi uma solução 100% técnica. A torcida minha, e do PMDB, é de que os novos ministros possam exercer bem suas funções... Inclusive aqueles que ocuparam ministérios que eram ocupados pelo PMDB e que agora não são mais", disse ele,  acrescentando que não conhece o indicado para a pasta do Turismo. O líder da bancada peemedebista do Senado, Eunício Oliveira (CE), afirmou que Lages é filiado ao partido, mas sua nomeação não foi fruto de indicação do PMDB: "É uma escolha técnica, não foi política. Essa escolha técnica em final de mandato, em ano eleitoral, é correta". Na Ciência e Tecnologia, Marco Antônio Raupp, também de perfil técnico, deixará o posto para dar lugar ao reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Clélio Campolina, que fez parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Apesar de ter ligações com o PMDB mineiro, Campolina não é encarado como uma indicação política. Governo e PMDB têm protagonizado a maior crise desde o início do mandato de Dilma. A condução da reforma ministerial irritou o maior aliado do governo, que anunciou independência do Planalto na Câmara. Além disso, o líder do partido na Casa, Eduardo Cunha (RJ), capitaneou um grupo de deputados insatisfeitos que impôs derrotas ao Planalto. Dilma também recorreu a um nome técnico na pasta de Cidades. O atual vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi, substituirá Aguinaldo Ribeiro. Occhi conta com a simpatia da bancada do PP na Câmara, mas seu nome não é encarado como uma escolha política, segundo uma fonte do partido, que tem comandado a pasta no governo Dilma. Fugindo ao critério adotado por Dilma nas outras pastas, foi anunciado ainda que o senador Eduardo Lopes (PRB-RJ) comandará o Ministério da Pesca no lugar de Marcelo Crivella; e Miguel Rossetto assumirá o Ministério do Desenvolvimento Agrário na vaga que era de Pepe Vargas. A presidente sinalizou que deve ainda manter o atual ministro Francisco Teixeira na Integração Nacional, uma forma de afago ao Pros, segundo uma fonte do Planalto que não quis ser identificada. A pasta da Integração era um desejo antigo do PMDB e chegou a ser oferecida ao partido em troca da pasta do Turismo, que iria para o PTB. Eunício chegou a ser convidado, mas recusou o posto. O partido reivindicava um sexto ministério - cinco ministérios estavam na "cota" política da legenda: Previdência, Minas e Energia, Aviação Civil, Agricultura e Turismo. Os novos ministros tomam posse em cerimônia marcada para a manhã da segunda-feira, informou a Presidência.

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