sábado, 8 de fevereiro de 2014

ATENTADO À IMPRENSA LIVRE - BOMBAS DE UM LADO E ROJÕES DO OUTRO? ERRADO!

O Jornal Nacional fez a coisa certa nesta sexta, não é? Foi ouvir especialistas os mais diversos, procurou testemunhos etc. Não se baseou apenas na impressão de alguém que estava lá no meio da confusão. Aliás, o texto que tenta explicar o erro da GloboNews e do “Bom Dia Brasil” admite que a coisa toda era confusa, com “rojões de um lado e bombas de outro”. Noto que essa formulação já não me agrada muito. Fica parecendo que eram coisas equivalentes,  que se anulavam ou se igualavam.

É um erro de visão. Atos criminosos não têm “outro lado”. O “outro lado” existe para pessoas ou entidades que são individualmente acusadas, certo? Como é sabido, a Polícia Militar só recorreu às bombas de gás e de efeito moral quando os bandidos começaram a quebrar tudo. Sem isso, não teria havido repressão nenhuma. E temos evidências escandalosas de que é assim. Há mais: as bombas, dentro dos limites previstos — como ontem —, estão dentro da lei; os rojões não estão.
Emissoras de TV operam segundo leis. A democracia brasileira se ancora numa institucionalidade, da qual a Polícia Militar faz parte. Então há intimidade entre a repressão e a imprensa? Não! Há um compromisso, e não poderia ser diferente, do jornalismo com o estado de direito. Essa história de “bombas de um lado” e “rojões de outro” acaba igualando o crime à lei. Sim, o crime é o outro lado da lei, e vice-versa, mas ambos não podem gozar do mesmo status na imprensa. Pela simples e óbvia razão de que a lei garante a existência da imprensa livre, e o crime tenta calá-la. Assim, nesse caso, cumpre ter lado, sim: o lado da correta aplicação da lei. Simples também.
O Jornal Nacional, infelizmente, não veiculou o pedido de desculpas pelo erro cometido pela GloboNews e reproduzido no “Bom Dia Brasil”. Segundo o texto que foi ar, fica a impressão de algo semelhante pode acontecer de novo. E, parece-me, não pode. Até porque não conheço outra denúncia de crime que fosse ao ar com base apenas no “eu vi”. Por Reinaldo Azevedo

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