quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

APAGÃO - ESPECIALISTA RECOMENDA RACIONAMENTO E DIZ QUE PROBLEMA ENERGÉTICO BRASILEIRO ESTÁ NA CAPACIDADE DE GERAÇÃO ELÉTRICA

Mauricio Godoi, especialista do setor de energia diz em artigo publicado pela Agência CanalEnergia, que a capacidade de geração instantânea é o maior problema do setor elétrico brasileiro neste momento. Avaliação é de que o governo precisa incentivar o uso racional de energia porque se as afluências se mantiveram no atual nível poderemos ter problemas em futuro próximo. Em resumo, ele está pregando uma forma de racionamento para evitar novos apagões. Leia a íntegra do artigo: "O sistema elétrico brasileiro está com o sinal de alerta ligado. A ocorrência da terça-feira, 4 de fevereiro, que derrubou três linhas de transmissão na interligação entre o Norte e o Sudeste do País escancarou um problema mais sério do que uma sobrecarga na transmissão: a redução da margem de reserva entre a carga demandada e a capacidade de geração instantânea disponível. A necessidade em ajustar a carga em 11 Estados e que levou até cerca de duas horas para ser restabelecida a frequência do sistema interligado decorreu da falta de capacidade de geração no Sudeste para atender a demanda instantânea. Esse alerta é feito pelo presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica, Carlos Ribeiro. O executivo, que atua no segmento de transmissão, afirmou que diferentemente do que se especulou depois do episódio de desligamentos, não há sobrecarga. Nas linhas que caíram esta semana havia espaço para transmitir mais energia. Ele explicou que como houve uma ocorrência dupla, o terceiro circuito não conseguiu enviar a energia da UHE Tucuruí (PA-8.370 MW) para o Sudeste por ultrapassar um pouco sua capacidade individual. Ribeiro apontou que o principal problema do setor elétrico atual e que não está sendo debatido é a falta da capacidade de o parque gerador atender a carga. Esse fator se deve à conjuntura que alia reservatórios em baixa e temperaturas no sentido inverso, que estão levando a recordes sucessivos de consumo no Brasil. "Não existe sobrecarga, o que está havendo é que a margem de geração está cada vez menor e isto leva a uma maior vulnerabilidade do sistema", afirmou ele em entrevista à Agência CanalEnergia. "Como o período úmido ainda vai se estender, é possível que os reservatórios possam se recuperar, mas o momento é de prudência e já passou da hora de o governo começar a incentivar o uso racional da energia para evitarmos a possibilidade de racionamento no futuro", destacou ele. Tomando como base os dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico, Ribeiro lembra que a demanda no País na comparação com o ano de 2013 está cerca de 6 mil MW médios mais elevada. Ao mesmo tempo, depois da estiagem que região Sudeste vem enfrentando desde janeiro, a perspectiva de reservatórios para este mês é pior do que no ano passado. Ele alerta que não há como saber como serão as chuvas de março. "Pode ser que tenhamos chuvas e a recomposição dos reservatórios ou a situação de seca continue. Por isso é preciso usar a energia de forma mais responsável", ressaltou. Pelo lado dos consumidores, o presidente da Associação Nacional dos Consumidores de Energia, Carlos Farias, avaliou que o setor elétrico está sob pressão apesar do relativo equilíbrio entre a carga e a geração. Ele corrobora o que afirmou Ribeiro, da ABCE, de que os reservatórios baixos acabam reduzindo a potência nominal das UHEs porque as quedas d'água estão menores. Contudo, ele levanta outro ponto para o atual momento que é a falta de definição de regras que a Medida Provisória 579 trouxe ao mercado e que levou a atrasos na manutenção e modernização dos ativos existentes. "O pior de tudo é que o governo continua sinalizando que está tudo bem. Não pede ajuda ao consumidor para controlar a demanda, estamos em uma situação crítica com custo elevado e que será bancado pelo contribuinte", disparou o executivo, que concorda que este momento é de rever o uso da energia. Aliás, disse que a entidade já tem procurado incentivar seus associados a fazer um esforço para reduzir o consumo".

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