sábado, 8 de fevereiro de 2014

AO FAZER ATÉ A DOSIMETRIA DE QUEM NÃO FOI NEM JULGADO, JANOT ESTÁ TENTANDO AGRADAR A QUEM?


Janot: sua estranha petição traz a dosimetria de quem não foi nem juglado
Janot: sua estranha petição traz a dosimetria de quem não foi nem julgado
Falo neste blog da imprensa assediada por milícias. Na cabeça desses pterodáctilos, o jornalismo só é sério quando dá as notícias e emite as opiniões com as quais eles concordam. Se não for assim, não vale. Compreendo. Afinal, temos aí o PT, não é? Justiça boa, para eles, é aquela que condena seus adversários. Quando pega alguém da turma, aí não serve. Aí eles acusam os juízes de parciais, de politiqueiros, de despreparados. Já houve petralhas dizendo até que Joaquim Barbosa é negro, acreditam? Pois é. Os milicianos atuam com vigor e energia no caso do mensalão mineiro.
Entre outras falácias, inventaram que o caso aconteceu primeiro, mas não foi julgado até agora porque os tucanos estão sendo protegidos. Errado. Erradíssimo. Está sendo julgado depois porque as acusações apareceram depois, e a denúncia foi oferecida depois, entenderam? Isso não dá para desenhar. Também se insiste em afirmar que o esquema de Minas Gerais é rigorosamente igual ao mensalão petista — essa turma tem esta síndrome: “Nossas sacanagens nunca são originais; aprendemos com os outros…”. Vão mais longe: desafiam os jornalistas, como se fosse preciso grande coragem para tanto, a pedir cadeia para Eduardo Azeredo, como aconteceu com José Dirceu. Então vamos começar a botar alguns pingos nos is, abordando, inclusive, a estranhíssima e inusitada petição apresentada por Rodrigo Janot ao Supremo.
É a mesma coisa? Não!Vamos lá. Se aconteceu tudo conforme a acusação em Minas Gerais, ainda assim, nesse caso, não foi Mensalão mesmo, mas caixa dois de campanha com uso de dinheiro público. Todo o ardil, segundo o Ministério Público, buscava financiar a campanha à reeleição de Eduardo Azeredo. Isso, reitero, caso fique tudo provado. Não havia um esquema de pagamento para parlamentares; não se tratava de cooptação de uma fatia do Congresso — ou da Assembleia de Minas Gerais. Ainda que o dinheiro tenha passado pelas agências de Marcos Valério, ainda que, insisto, tudo seja conforme se acusou, trata-se de outra coisa.
“Ah, então você está dizendo que não é grave?” Uma ova! Eu só estou dizendo tratar-se de outra coisa.
Por que Azeredo sim e Lula não?
Há uma outra diferença fundamental. Azeredo está para o que se passou a chamar de “mensalão mineiro”, ainda em investigação, como Lula estava para o mensalão petista. Refiro-me a seus respectivos lugares. A mesmíssima posição. Cabe perguntar: por que o agora deputado mineiro é réu nesse processo, e Lula não se tornou réu naquele? Dêem uma única e sólida razão.
“Ah, por que não havia provas contra Lula”, responderá alguém. Pois é… E quais são as provas contra Azeredo, as evidências de que sabia de tudo, de que estava no controle? Nenhuma. Há, sim, um troço que foi anexado ao inquérito como prova: a suposta assinatura de Azeredo num recibo de caixa dois ou algo assim. As evidências de que essa assinatura é falsa são gritantes. De resto, é preciso decidir se acham o ex-governador muito esperto ou muito burro para assinar esse tipo de recibo.
A estranha petição de Janot
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, enviou uma estranha petição ao Supremo. Não se limitou a, vá lá, pedir a prisão de Azeredo, o que é estranho porque o julgamento está para começar. Mas não se contentou com isso: ele também resolveu fazer a dosimetria, estipulando o tempo de cadeia — nada menos de 22 anos — e o valor da multa a ser paga.
Ou por outra: Janot investigou, ofereceu a denúncia, condenou e já está na fase da dosimetria da pena. Se tudo sair como ele quer, espero que não se ofereça para ser o carcereiro. Ora, é um homem inteligente o bastante para saber que, obviamente, esse é o tipo de coisa que rende manchete, estardalhaço, títulos garrafais, mas que não têm, em si, a menor importância. Sair-se com um negócio como esse antes mesmo de o relator no Supremo se pronunciar fica parecendo, assim, uma espécie de prestação de serviço.
Bem, o assunto vai render muito ainda. Mas os petralhas que resolveram encher o saco poderiam tentar responder: por que Azeredo é réu, e Lula não? De resto, tendo havido os crimes, vale o óbvio: punição a quem deve, um princípio que essa gente estranha. Podem patrulhar à vontade. Escrevo o que quero, não o que querem que eu escreva. Não dependo da boa vontade de quem me detesta para dizer o que penso. Vão patrulhar a vovozinha! Por Reinaldo Azevedo

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