quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

SERÁ QUE O EX-Nº 2 DA FAZENDA TAMBÉM É AGORA UM "NERVOSINHO" E UM "RENTISTA"?

A se dar crédito ao discurso oficial, o Brasil se divide hoje entre “nervosinhos” e “calminhos”. Os primeiros tendem a reconhecer alguns problemas e irresoluções na economia brasileira. Já a turma que tomou Maracugina tenderia a achar que tudo vai bem e segue conforme o planejado, certo?  Os petistas e seus vogais na imprensa — sim, na grande imprensa também — fazem ainda outra clivagem. Os “nervosinhos” seriam os que eles chamam, com esgar de nojo, os “rentistas”. Já os calminhos seriam a esmagadora maioria da população, que só encontra, parece, motivos para rir. De quais “rentistas” exatamente falam os bate-paus do petismo? Não dá para saber. Qualquer brasileiro que coloque o seu dinheiro na poupança, a rigor, é um… rentista. Quando o governo põe seus títulos no mercado, esperando que apareçam pessoas interessadas em compra-los, está esperando contar, oram vejam!, com a ajuda dos… rentistas. Estabelecer esse tipo de divisão é só uma tentativa de demonizar a crítica e de transformá-la em coisa de gente movida por interesses menores. Assim, se você é uma pessoa bacana, que pensa no bem no próximo e não se deixa mover por interesses cúpidos, vai, necessariamente, aplaudir o governo. Por que essa longa introdução? Parece que Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda, passou a integrar a ala dos “nervosinhos”. Nesta quinta, ele cobrou que o governo seja mais claro em relação à política fiscal. Leiam o que informa a VEJA.com.

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O ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda Nelson Barbosa disse nesta quinta-feira que o governo precisa ser mais claro em relação à política fiscal. Barbosa, considerado um dos principais interlocutores da presidente Dilma no início de seu mandato, pediu exoneração do governo em maio de 2013 por “razões pessoais”. Contudo, fontes apontaram, à época, problemas de relacionamento com membros da equipe econômica, sobretudo o secretário do Tesouro, Arno Augustin. Barbosa também havia perdido influência junto ao Palácio do Planalto por discordar de algumas ideias da presidente e havia sido, de certa forma, substituído por Augustin. Nesta quinta-feira, o economista, que agora se dedica à carreira acadêmica, palestrou em evento na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo. Barbosa prevê para este ano um superávit primário na ordem de 1,8% a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). Questionado se um superávit primário abaixo de 2% seria uma ameaça à nota de crédito soberano do Brasil, já que as agências de classificação de risco aguardam um resultado de 2% a 2,1%, ele negou. “Acho que a diferença entre 1,8% e 2% não é muito grande para justificar uma mudança de rating. Acho que tudo pode ser explicado, desde que se converse com as agências de risco. Mais que números, as agências querem saber sobre trajetórias”, afirmou. Para o economista, quando o governo sinalizar que fará um primário de 1,8% ou 1,9% e traçar trajetórias para 2015 a 2018, as preocupações em torno da política fiscal vão se dissipar. De acordo com ele, tais sinalizações deverão ser dadas até fevereiro, quando todos os membros do governo voltarem das férias. “Se tiver mais explicações, a maior parte das preocupações do mercado será dissipada”, disse. “O problema é que, normalmente, as explicações vêm depois da tomada de decisões. Acho que é isso que as pessoas mais têm criticado.” O temor das agências sobre o crescimento da dívida bruta em relação ao PIB não preocupa Barbosa, apesar da perspectiva negativa que paira sobre a avaliação do Brasil. “Hoje a dívida bruta está em torno de 62% e seu crescimento vai depender de quanto recurso o governo vai colocar no BNDES. Como o governo já sinalizou que vai colocar menos recursos, não vejo grandes pressões para o crescimento da dívida pelo lado da emissão de títulos” disse o ex-secretário, em tom ligeiramente otimista. Segundo ele, se houver algum crescimento da dívida bruta, será devido à desaceleração do PIB. “A discussão sobre o crescimento da dívida é uma discussão sobre crescimento do PIB. E se a economia crescer mais, a dívida bruta deve ficar estável ou cair”, afirmou. 
Barbosa entrou no governo em 2003 e fez parte das equipes do ministro Guido Mantega desde sua gestão no Ministério do Planejamento. Na Fazenda, ocupou as secretarias de Acompanhamento Econômico (2007/2008) e de Política Econômica (2008/2010), antes de ser levado por Mantega ao posto de secretário executivo, sucedendo Nelson Machado, em 2011. Por Reinaldo Azevedo

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