terça-feira, 7 de janeiro de 2014

PETIÇÕES NA INTERNET PEDEM QUE MENSALEIROS SEJAM TRANSFERIDOS PARA PEDRINHAS, NO MARANHÃO

Correm na Internet petições para que os mensaleiros sejam transferidos para o presídio de Pedrinhas, no Maranhão, capitania hereditária governada pela Família Sarney, a oligarquia que soube se reciclar e que passou a falar, assim, com um sotaque bem companheiro. É evidente que ninguém — ou, vá lá, quase ninguém — pretende a sério que os corruptos ativos e passivos, peculatários e quadrilheiros sejam decapitados. Seria um desejo estúpido. Aliás, por mais que a maldade em estado puro — e ela pode existir, acreditem — tenha se manifestado no Maranhão, o que aquela gente merece é cumprir a pena a que foi condenada segundo o que lhe assegura a lei. O gracejo um tanto macabro, no entanto, nos diz muito desses dias. Todos vimos o escarcéu feito pelos mensaleiros e seus porta-vozes na imprensa, nas redes sociais e na subimprensa financiada por estatais. Parecia que aqueles patriotas estavam sendo condenados ao inferno quando ganharam a sua vaguinha na Papuda, especialmente preparada para receber hóspedes ilustres. Até então, as condições em que se amontoavam e se amontoam os mais de 500 mil presidiários não mobilizavam ninguém. Jamais me esqueço de uma resposta dada por Lula, quando confrontado com a falta de investimento do governo federal em presídios. Segundo disse, ele preferia erguer escolas, como se uma coisa pudesse substituir a outra. Na essência da resposta, o viés estúpido que pretende associar pobreza e ignorância à violência, como se os pobres e ignorantes fossem também destituídos de moral, o que é uma tese falaciosa. Entre o desídia e a mistificação ideológica, a questão dos presídios foi deixada de lado. Como observei em texto desta manhã, em 2013, o governo federal desembolsou para o setor menos do que em 2012.

E assim foram se constituindo as sucursais do inferno Brasil afora. Investir na reclusão em condições humanamente aceitáveis custa caro e talvez não renda assim tantos votos. Eis uma razão por que, ao contrário do que querem alguns militantes, prende-se pouco no Brasil — no Maranhão, como vimos, menos do que em qualquer outro estado. Os presidiários só ganharam um lugarzinho na pauta quando os companheiros estrelados foram condenados a passar uma temporada atrás das grades. A diferença entre Pedrinhas e a Papuda de Dirceu  é maior do que a separa o inferno do céu. Quando se faz então o motejo, ainda que tendo eventos trágicos como referência, para que os mensaleiros sejam transferidos para o presídio maranhense, o que se quer é chamar a atenção para essa diferença. Sim, o desejo civilizado é que todos os presos brasileiros contem com parte ao menos das garantias de que dispõem os corruptos ativos, os corruptos passivos, os peculatários e os quadrilheiros do mensalão. O que bom voto é que se nivelem por cima as condições dos presídios, pouco importando quão baixo desceram os condenados. Por Reinaldo Azevedo

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