sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

KASSAB: AS ACUSAÇÕES SÃO PESADAS, MAS, ATÉ AGORA AO MENOS, É SÓ "OUVI DIZER", SEM PROVAS

As acusações que vieram a público contra Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo, são muito pesadas, mas, por enquanto, ele não tem muito com o que se preocupar — refiro-me à questão legal. Vamos ver o efeito político. Existe uma testemunha, cujo nome não foi divulgado, que afirmou ao Ministério Público Estadual que Kassab recebia dinheiro em espécie da Controlar, a empresa que fazia a inspeção veicular. A grana teria sido guardada em seu próprio apartamento e depois transportada, de avião, para uma fazenda, no Mato Grosso, por Marco Aurélio Garcia, irmão do secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Rodrigo Garcia. Será?… A tal testemunha, segundo consta, não apresentou uma única prova e deu seu depoimento com base no que teria ouvido dizer. Quem lhe teria confidenciado a história é Ronilson Bezerra Rodrigues, apontado como o chefe da máfia dos fiscais. Na política brasileira, a gente não deve ir botando, assim, a mão no fogo, não é? Mas é preciso notar que a história parece um tantinho rocambolesca. Imaginar que o então prefeito ficava empilhando dinheiro vivo em casa, que depois foi transportado num avião, tem um inequívoco sabor de fantasia. Convenham: hoje em dia, se o sujeito que roubar dinheiro público ou receber propina, há métodos mais sofisticados e seguros. Kassab emitiu uma nota em que nega as acusações. Mas é evidente que, do ponto de vista político, as coisas se complicam para ele. Desde que teve início a apuração da máfia dos fiscais, o caso ronda o ex-prefeito, sem comprometê-lo até agora. Ele nem mesmo é um dos investigados. A tal testemunha diz ainda que Mauro Ricardo, que foi secretário de Finanças da gestão anterior, recebeu propina para diminuir o ISS pago pela Bolsa de Valores de São Paulo, e que a máfia pagou mais de R$ 5 milhões, em parcelas, para os vereadores Antonio Donato, do PT, e Aurélio Miguel, do PR, não abrirem uma CPI do caso. Kassab confirmou na quinta-feira que vai mesmo se candidatar ao governo de São Paulo pelo PSD. É evidente que uma acusação como essa não colabora com as suas pretensões. Por Reinaldo Azevedo

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