sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

EXECUTIVO DA SIEMENS AFIRMA NA POLÍCIA FEDERAL QUE RECEBEU ORDENS DA MULTINACIONAL ALEMÃ PARA DESTRUIR DOCUMENTOS

O gerente-geral da área de projetos corporativos da Siemens, Sergio de Bona, afirmou em depoimento à Polícia Federal que recebeu instruções para destruir "todo e qualquer documento" relativo à suposta conta bancária secreta que ex-diretores mantinham no grão-ducado de Luxemburgo, um paraíso fiscal. A descoberta da suposta conta pela matriz da Siemens na Alemanha, durante auditoria interna após o escândalo de corrupção mundial na empresa, resultou na demissão de Adilson Primo, então presidente da empresa no Brasil, em outubro de 2011. Primo era um dos proprietários da suposta conta bancária em Luxemburgo, que foi irrigada com aproximadamente US$ 7 milhões de dinheiro da Siemens na Alemanha e nos Estados Unidos. O vice-chefe do setor de "compliance" da Siemens na Alemanha, Mark Gough, disse, também em depoimento à Polícia Federal, haver suspeitas de que a conta era utilizada para pagar propina a agentes públicos no Brasil. Por conter citações de pagamento de propinas a políticos com foro privilegiado, o inquérito que apura o caso foi enviado pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal em dezembro. O Supremo aguarda parecer da Procuradoria-Geral da República para decidir se fica com o caso ou se o devolve à primeira instância. Sérgio de Bona, que depôs aos policiais em 29 de novembro, está na Siemens desde 1979. Ele era o "controller", responsável pela contabilidade da empresa, entre 2004 e 2006, época em que contou ter sido chamado por seu então chefe, José Manuel Romero Illana, e pelo antigo ocupante da função, José Antonio Lunardelli, a quem De Bona sucedera. Segundo seu relato à Polícia Federal, houve uma reunião entre os três, na qual Romero não entrou em detalhes, mas disse que precisava "de sua ajuda para encerrar uma conta no Exterior". Em novo encontro, quando lhe apresentaram um extrato, De Bona negou o auxílio por não se tratar de uma conta da Siemens nem estar em suas atribuições de "controller". O gerente-geral disse que acabou aceitando a incumbência após ser pressionado por Romero. Ele relatou ter participado de outra reunião com seu chefe, Lunardelli e o advogado Roberto Justo. Este último foi quem teria aberto a conta em Luxemburgo.

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