segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

COM NOME APROVADO NO SENADO AMERICANO, JANET YELLEN SE TORNA A PRIMEIRA MULHER A PRESIDIR O FED

O Senado americano confirmou nesta segunda-feira o nome da economista Janet Yellen como a próxima líder do Federal Reserve (Fed). Aos 67 anos, a atual número dois da autoridade monetária substituirá Ben Bernanke, que deixa o cargo no próximo dia 31, após oito anos. Yellen será a primeira mulher a ocupar o posto de comando da autoridade monetária dos Estados Unidos em um momento crucial para o órgão: o início da retirada dos estímulos financeiros de 85 bilhões de dólares mensais injetados na economia americana desde a crise financeira. A nomeação de Yellen foi anunciada pelo presidente Barack Obama em outubro do ano passado e passou com facilidade pelas bancadas de senadores democratas e republicanos no primeiro dia de trabalho após o recesso de fim de ano, numa votação de 56 contra 26. Segundo um comunicado assinado pelo democrata Tom Johnson, a população americana deve se sentir segura sobre o fato de o Fed ser comandado pela economista. “Ela provou por meio de sua extensiva e impressionante experiência no serviço público e na academia que é a pessoa mais qualificada para assumir o cargo”, afirmou o senador. A economista graduou-se na Universidade da Califórnia, em Berkeley, e em Yale, onde foi aluna de, pelo menos, dois professores laureados com o Nobel da Economia: Joseph Stiglitz e James Tobin. Seu marido, George Akerlof, também é ganhador do Nobel. Segundo o jornal The Washington Post, a economista o conheceu nos anos 1970, durante sua primeira passagem pelo Fed, no cargo de economista internacional. Yellen voltou ao órgão na década de 1990, durante a administração Clinton, para fazer parte do conselho de dirigentes. Em 2004, passou a chefiar do Fed de São Francisco e desde 2010 assumiu o cargo de vice-presidente. A discreta economista protagonizou, mesmo sem ter a intenção, um episódio inédito na história das escolhas dos dirigentes do Fed. A Casa Branca tem por regra indicar um nome técnico para o órgão, mas que disponha, obviamente, de algum capital político. Não se trata de uma votação ou escolha de mercado — os economistas tampouco concorrem ao cargo. Contudo, conforme a data da saída de Bernanke se aproximava, os nomes de Yellen e do ex-secretário do Tesouro, Larry Summers, surgiram na imprensa como possíveis escolhas da Casa Branca. Tal situação, outrora corriqueira, foi transformada por economistas numa espécie de "corrida" pela presidência do Fed, como se o assunto fosse tema de disputa eleitoral. A possibilidade de escolha de Larry Summers, divulgada em reportagem do Washington Post, fez com que centenas de economistas se mobilizassem e enviassem uma carta aberta à Casa Branca pedindo que Yellen ocupasse o cargo. Summers é considerado por muitos como um dos culpados pela desregulamentação do sistema financeiro que desencadeou a crise econômica de 2008. Também é visto como "arrogante" e "truculento", segundo relatos da imprensa americana, o que dificultaria a formação de um consenso entre os diretores do Fed durante as tomadas de decisão. Diante da torcida contra, o economista enviou uma carta ao presidente Obama pedindo para não ser considerado para o cargo, deixando o caminho livre para a condução de Yellen. A indicação de Yellen agradou ao Partido Democrata e à grande maioria dos economistas americanos. Os jornais The New York Times e Financial Times já haviam tornado pública sua preferência por Yellen em editoriais ao longo do ano. Os ganhadores do Nobel, Paul Krugman e Joseph Stiglitz, publicaram artigos endossando a colega. “Ela foi uma das minhas mais brilhantes alunas”, escreveu Stiglitz. Apesar de não ter o trânsito político de Larry Summers, Yellen foi a artífice, junto com Bernanke, do programa de estímulos colocado em prática desde 2007 que ajudou a resgatar a economia americana da recessão. Também é vista como uma profissional conciliadora, característica importante em um órgão em que as decisões são baseadas em consenso.

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