terça-feira, 17 de dezembro de 2013

PROMOTOR QUER TAXISTAS FORA DOS CORREDORES E AMEAÇA PROCESSÁ-LOS. OU: EIS O HOMEM QUE PROPÕE NEGOCIAÇÃO COM QUEM USA COQUETÉIS MOLOTOV E AMEAÇA COM CADEIA OS PACÍFICOS

Promotor Ribeiro Lopes
Maurício Ribeiro Lopes! Esse é o nome dele. É promotor. Do Ministério Público de São Paulo. Ele gosta de polêmicas. Ele procura a notícia. Ele é conhecido no meio jurídico — não por bons motivos. Lembro tudo daqui a pouco. Eu sei reconhecer um homem moderno quando vejo um que não se orienta por critérios muito convencionais.  Lopes se reuniu nesta terça-feira com o secretário de Transportes da capital, Jilmar Tatto. O promotor decidiu dividir com Fernando Haddad a responsabilidade de administrar a cidade. Deu um prazo de 45 dias para a Prefeitura proibir a circulação de táxis nos corredores. Ou proíbe ou ele promete entrar com uma ação pública contra o município para ver se consegue impor a proibição. Calma! Ele ainda não acabou. A coisa é mais complexa do que parece. Trata-se de uma ação coordenada entre setores do Ministério Público paulista e os xiitas de Fernando Haddad, que querem impor, na marra, o que chamam a “coletivização” do transporte público. Como costuma acontecer no socialismo, a idéia não é fazer com que todos vivam bem — ainda não nos libertamos do reino da necessidade, como poderia dizer o velho Marx, aquele que elaborou uma teoria sobre as sociedades sentado sobre furúnculos. Imaginem a dor. Quem consegue ser feliz e pensar felicidades sentindo o tempo inteiro dor no traseiro? A analgesia ainda era pouco desenvolvida. Doía e pronto. Como costuma acontecer no socialismo, a ideia é fazer com que todos vivam igualmente mal. Para um socialista, a solução de um problema costuma sair da sua generalização. Mas volto ao ponto. A culpa principal é da Prefeitura. Foi ela quem encomendou um estudo picareta demonstrando que a retirada dos táxis dos corredores aumentaria a velocidade dos ônibus. Agora o tal Lopes exige a retirada em nome do povo, dos pobres, dos coletivos, entendem? A exemplo de toda solução proposta pelas esquerdas, o resultado será pior para todos, incluindo os pobres, já que os passageiros de táxis não verão um bom motivo para deixar seu próprio carro em casa.
Processar quem protesta
Nesta segunda-feira, os motoristas de táxi promoveram um protesto na cidade. Lopes foi indagado sobre a possível — e justa — reação dos motoristas. Sabem o que ele responde? Disse que pretende processar o sindicato. O doutor Lopes acha que determinados grupos sociais não têm o direito de se manifestar. Ele é useiro e vezeiro nessa prática. Lopes é aquele rapaz que, ao receber uma petição de um grupo de moradores de Pinheiros que não queria um albergue na sua rua resolveu processar… os moradores! Sim, ele os acusou de racismo; ele os comparou a nazistas. Escrevi, então, a respeito. O texto está aquiAssociações de sem-teto põem fogo em áreas da cidade dia sim, dia também. São Paulo virou um pátio dos milagres, com movimentos de caráter ideológico a estimular ocupações irregulares. Há líderes de invasores com casa própria, carro etc. Maurício Ribeiro Lopes nunca quis saber se sua prática é justa ou não, é legal ou não. Os taxistas, no entanto, segundo ele, devem ser proibidos de se manifestar. Quando Lopes concorda com a reivindicação, ele não indaga se a lei está sendo respeitada ou não. Quando ele discorda da reivindicação, aí ele quer criminalizar quem se manifesta.
Homem exótico
Este Lopes é mesmo um homem que cultiva valores, vamos dizer, exóticos. Tem opinião sobre tudo. Já se posicionou contra o projeto Nova Luz (extinto por Haddad), opôs-se à construção de um túnel, afirmou que a internação compulsória de moradores de rua viciados em crack é só mais um “higienismo social” e vai por aí. E já foi protagonista de um caso de plágio escandaloso: nada menos de 38 páginas de sua tese de livre-docência da Faculdade de Direito da USP foram copiadas do trabalho de um colega (leia mais a respeito). A livre-docência foi cassada pela instituição. Ele parece, definitivamente, se orientar por critérios muito particulares do que sejam moralidade, legalidade e decência. Quando o movimento Passe Livre promoveu as três primeiras manifestações contra o reajuste de ônibus em São Paulo — nos dias 6, 7 e 11 de junho —, Ribeiro Lopes afirmou que era preciso negociar com os valentes. Atenção! A turma já havia recorrido ao quebra-quebra, a coquetéis molotov e ao espancamento de policiais. Mas o promotor queria “negociação”. Os taxistas não quebraram nada. Lopes quer colocá-los na cadeia. Por Reinaldo Azevedo

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