segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

NAZISTA QUE CUMPRIA PENA DE PRISÃO PERPÉTUA MORRE AOS 92 ANOS

O criminoso de guerra nazista Heinrich Boere morreu no domingo aos 92 anos no hospital da prisão de Fröndenberg, na Alemanha, onde cumpria pena de prisão perpétua pelo assassinato de membros da resistência holandesa durante o nazismo. Boere foi um dos quinze membros do Comando Feldmeijer, um esquadrão organizado pela SS composto por nazistas holandeses que tinha como missão exterminar guerrilheiros e simpatizantes na Holanda ocupada pelos alemães durante a II Guerra Mundial. Listado como criminoso procurado pelo Centro Simon Wiesenthal nos anos 2000, Boere só passou a cumprir pena a partir de dezembro de 2011, mais de 66 anos após o fim da guerra. Nascido em um lar teuto-holandês (seu pai era holandês e sua mãe era alemã), Boere tinha 18 anos quando o exército alemão ocupou a cidade de Maastricht, onde ele vivia, em 1940. Segundo suas palavras, por “puro fanatismo e convicção”, ele resolveu se voluntariar para a Waffen-SS, o braço armado da organização de elite nazista. À época, a SS tinha formado “legiões estrangeiras” com nazistas não-alemães pela Europa. Boere foi um dos cerca de 40 000 holandeses que entraram para a organização. Em 1941, ele seria deslocado para a frente russa, onde participou de combates na região do Cáucaso. Em dezembro de 1942, após ficar doente, ele foi enviado de volta à Holanda, onde foi incluindo no Comando Feldmeijer, que era chefiado pelo Unterscharführer (líder de esquadrão) Henk Feldmeijer. Nos anos seguintes, o grupo matou pelo menos 54 pessoas. Boere admitiu ter assassinado três pessoas: um farmacêutico, um vendedor de bicicletas e um civil que ajudara judeus. Todos os crimes ocorreram em 1944. “Nós não conhecíamos os homens”, Boere disse em uma entrevista concedida para a revista Der Spiegel em 2008: “Os serviços de segurança da SS nos davam um nome e nos íamos encontra-lo”. Depois da derrota alemã, em 1945, Boere chegou a ser aprisionado pelo exército americano, mas conseguiu fugir. Apesar de ter sido condenado à morte in absentia por traição na Holanda em 1949, ele passou a levar uma vida discreta como mineiro na Alemanha. Só nos anos 80 uma corte holandesa passou a solicitar sua extradição para que ele cumprisse pena – a essa altura comutada para prisão perpétua. Mas uma série de problemas legais sobre sua nacionalidade arrastou o processo. Em 2007, uma corte alemã finalmente determinou a realização de um novo julgamento. Os procedimentos chegaram ao fim em 2010, quando a corte o sentenciou à prisão perpétua. Boere, que então vivia em um asilo só foi levado para a prisão em 2011. “Eu sinto muito pelo que aconteceu em 1944. Eu rezo todas as noites pelos mortos e por todos que morreram na guerra”, disse ele à revista Der Spiegel em 2008, tentando mostrar algum tipo de arrependimento. Durante seu julgamento, no entanto, ele fez uso do discurso de “que cumpria ordens” e que arriscava ser executado se as desobedecesse. A Justiça desdenhou da argumentação, apontando que Boere tinha sido voluntário na SS. Em 2012, Klaas Carel Faber, outro membro do Comando Feldmeijer, morreu aos 90 anos, antes que sua sentença de prisão de perpétua pela morte de 22 pessoas começasse a ser cumprida.

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