domingo, 8 de dezembro de 2013

ESTUDO APONTA QUE DISLEXIA É CAUSADA POR RUÍDO NA CONECTIVIDADE CEREBRAL

A dislexia, uma dificuldade para ler e compreender, seria resultado de uma má conectividade entre duas regiões do cérebro, revelou na quinta-feira uma pesquisa que lança nova luz à origem deste transtorno neurológico que afeta 10% da população mundial. Durante várias décadas, neurologistas e psicólogos atribuíram este problema de aprendizagem a uma representação mental defeituosa das palavras, inclusive fonemas, elementos sonoros característicos da língua, segundo Bart Boets, autor principal do estudo publicado na revista americana Science. Para confirmar esta hipótese, os cientistas examinaram com uma ressonância magnética (RM) 45 estudantes de 19 a 32 anos, 23 dos quais eram severamente disléxicos, para obter imagens tridimensionais do seu cérebro quando escutavam diferentes séries de sons. "Assim foi possível obter um bom registro neuronal de representações fonéticas dos sons escutados", explicou Boets, psicólogo da Universidade Católia de Lovaine, na Bélgica. Os participantes escutaram uma série de sons diferentes como "ba-ba-ba-ba" e deviam identificar o que era diferente, um exercício que, segundo os cientistas, requer uma boa representação mental dos diferentes fonemas. Os cientistas descobriram que as respostas do grupo de disléxicos e a intensidade de suas reações neuronais foram similares aos do grupo de controle. "Suas representações fonéticas mentais estavam perfeitamente intactas", disse Boets. Mas os participantes disléxicos foram aproximadamente 50% mais lentos para responder, segundo os cientistas. Quando analisaram a atividade geral do cérebro, os autores do estudo descobriram que os disléxicos tinham uma coordenação menor entre treze regiões do cérebro que têm a ver com os sons básicos e a área de broca, uma das principais responsáveis ao processamento da linguagem. Outras análises revelaram que quanto mais frágil a coordenação entre estas duas regiões cerebrais, mais lenta a resposta dos participantes. Isso demonstra que a causa da dislexia não é uma má representação mental dos fonemas, mas um acesso defeituoso destes sons na região do cérebro que processa o som, concluíram os autores.

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