quarta-feira, 13 de novembro de 2013

MAIS BOMBA NO ESCÂNDALO DOS FISCAIS DA PREFEITURA DE SÃO PAULO, AGORA AUDITAR QUE FEZ DELAÇÃO PREMIADA DIZ QUE VEREADOR AURÉLIO MIGUEL RECEBEU DINHEIRO DO ESQUEMA

O auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos, investigado pelo desvio de 500 milhões de reais da prefeitura de São Paulo, afirmou em depoimento ao Ministério Público Estadual que o ex-subsecretário da Receita Municipal, Ronilson Bezerra Rodrigues, entregava dinheiro ao vereador Aurélio Miguel (PR). A declaração consta do termo de delação premiada assinado na terça-feira por Barcellos. Segundo o promotor que investiga o caso, Roberto Bodini, o auditor não deu detalhes sobre valores nem a origem do dinheiro. “Isso é uma conversa do Barcellos com o Ronilson. Ele diz isso para o Barcellos que dava dinheiro para o Aurélio Miguel. Não fala valores e não fala o motivo e nem a data". Na conversa relatada por Barcellos ao promotor, ele diz ter ouvido Ronilson se queixar do excesso de telefonemas que recebia do vereador e questionou o colega sobre o motivo das ligações. “Isso (os telefonemas) estaria registrado e então ele (Ronilson) pretendia mudar o número do celular. O Barcellos perguntou qual a razão dessa quantidade de ligações e o Ronilson teria falado que dava dinheiro para o Aurélio Miguel. Não falou quanto e nem quando, mas disse que dava dinheiro”, afirmou o promotor. Em nota, o vereador repudiou o que classificou como “insinuações” de vínculo entre ele e os auditores investigados. Aurélio Miguel disse que só manteve relações de cunho “institucional” com Ronilson Rodrigues. No mesmo depoimento, que durou oito horas, Barcellos disse que pagou 20 000 reais, mensalmente, de dezembro de 2011 a setembro do ano passado, ao ex-secretário de Governo da cidade, vereador petista  Antonio Donato, para financiar a campanha do petista a vereador em 2012. Donato nega ter recebido os recursos. Nomeado para a Secretaria de Governo após a eleição de Fernando Haddad (PT), Donato era um dos homens fortes da gestão até a tarde desta terça-feira, quando teve de deixar o cargo após novas denúncias citarem suas relações com os fiscais suspeitos de desviarem recursos do Imposto Sobre Serviços (ISS). Ele também foi coordenador da campanha de Haddad e era o elo da administração municipal com o PT. O pagamento a Donato, de acordo com o fiscal, foi feito como “investimento futuro”, ou seja, a promessa de assumir cargos de confiança numa futura gestão de Haddad. Após ser preso, Barcellos foi exonerado do cargo de diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança. O fiscal repassou números de telefones que, segundo ele, eram usados para falar com o vereador petista na época. Nesta segunda-feira, a Corregedoria Geral do Município determinou a abertura de uma sindicância para apurar a ligação entre Donato e os auditores fiscais investigados. Barcellos trabalhou três meses na equipe de Donato. O nome do vereador e agora ex-secretário municipal também apareceu em escutas autorizadas pela Justiça como suposto beneficiário de 200 000 reais do esquema de propina para sua campanha a vereador em 2008, o que ele nega. Integrantes do governo municipal pressionaram para que ele deixasse logo o cargo para minimizar o desgaste de Haddad. Desde a semana passada, cresceu no PT e na cúpula da administração municipal a avaliação que o escândalo respingou na própria gestão. Além disso, tanto Lula quanto a presidente Dilma Rousseff temem que o desgaste constante do governo Haddad – já chamuscado pelo aumento do IPTU – tenha impacto negativo nas eleições do próximo ano. Hoje, o principal objetivo do PT é justamente tentar desalojar o PSDB do governo estadual e alavancar a candidatura à reeleição de Dilma no maior colégio eleitoral do País.

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