segunda-feira, 28 de outubro de 2013

MILITARES DÃO GOLPE BRANCO NA VENEZUELA?

Desde o último dia 17 de outubro, o presidente Nicolás Maduro governaria o país apenas formalmente, mas não de fato, escreve o experiente analista político venezuelano Teodoro Petkoff, do jornal Tal Cual. Essa foi a data do anúncio da criação do Centro de Segurança e de Proteção à Pátria (CESPPA), controlado por militares. O centro coloca sob sua tutela os ministérios das Relações Exteriores, da Justiça, do Interior e da Defesa e decide quais informações serão repassadas a Maduro. Se confirmado o golpe, terá sido o mais refinado da história da América Latina. Foram-se os tempos das prisões, das perseguições políticas e da presença ostensiva. O CESPPA constitui hoje um "poder sobre o poder" e tem sob seu controle o poder Executivo. Na prática, significaria uma ação dos militares venezuelanos para manter a ordem no país frente à radicalização que terá novo capítulo nas próximas eleições municipais de 8 de dezembro. E também uma resposta à perda de legitimidade de Maduro. Segundo Petskoff, o CESPPA não pode ter sido iniciativa do presidente, "a menos que quisesse cometer suicídio político". Com a morte de Chavez, um governante popular, criou-se um vazio de poder no país que Maduro não conseguiu preencher. Tudo indica que os militares preservaram a Venezuela de uma ruptura constitucional de consequências imprevisíveis no cenário externo e do aprofundamento da crise econômica que um impasse político poderia trazer, assumindo o controle do Estado. Para que lado os militares irão pender é uma incógnita. Caso o objetivo fosse uma transição democrática, contendo a instabilidade desde a eleição de Maduro por escassa margem de votos, seria o começo do fim da República Bolivariana.

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