quinta-feira, 17 de outubro de 2013

JUSTIÇA DO RIO DE JANEIRO DECRETA PRISÃO DE 31 VÂNDALOS DOS BLACK BLOCS. ENTÃO AINDA HÁ JUÍZES NA BERLIM DE FRENTE PARA O MAR?

Ainda há juízes na Berlim com vista para o mar? Ainda há juízes na Berlim da tardinha que cai e do barquinho que vai? Ainda há juízes na Berlim tropical? Que bom! A Justiça decretou a prisão preventiva de 31 dos 64 vândalos detidos nos tumultos de terça-feira. Já não era sem tempo!
Atenção, imprensa brasileira! Atenção, coleguinhas jornalistas de direita (uns três), de centro (uns cinco…) e de esquerda (quase todo o resto): existe LIBERDADE DE MANIFESTAÇÃO NO BRASIL, garantida pela Constituição. Nestepaiz, como diz aquele, ninguém é preso POR SE MANIFESTAR. O que não há no Brasil nem em nenhuma democracia do mundo é liberdade de quebrar, invadir, depredar. Os que foram presos em flagrante não são, pois, MANIFESTANTES. São vândalos, são membros de quadrilha, são membros de bando, escolham aí. Chamá-los de manifestantes corresponde a endossar a violência. Atenção, coleguinhas jornalistas que, à moda Kassab, “não são nem de direita, nem de esquerda nem de centro”: manifestantes não andam com estilingues, coquetéis molotov, porretes. Atenção, coleguinhas jornalistas que, à moda Marina Silva, não “são nem de oposição nem de situação, mas de posição”: manifestantes não cobrem a cara. Manifestantes mostram a cara. Assim, chega de chamar bandido de manifestante. Adiante. A Justiça vive um surto populista, como apontei aqui. Decisões absurdas, com justificativas ainda mais exóticas, vão se acumulando. O próprio Supremo Tribunal Federal precisa passar por uma desinfecção. Sugiro que o remédio sejam a Constituição, as leis e a lógica. O ministro Luiz Fux afirmou que descontar dias parados de grevistas agride o direito de greve. Errado! O direito de greve existe — sim, sou contra greve de servidores porque o povo paga o pato, mas deixo isso pra lá agora — com ou sem o pagamento. Quem decide paralisar o serviço está disposto a uma cota de sacrifício pessoal em nome do bem coletivo. Assim se deram historicamente as lutas sociais. O estado e as empresas não são cartório de despacho de reivindicações. Juízes têm a obrigação da razoabilidade. Recebe quem trabalha; quem não, então não. No caso da invasão da Reitoria da USP, um juiz decidiu, na prática, que a ação não só é aceitável como é justa — a direção da universidade é que levou um pito por conta de sua suposta intransigência. Até parece que não existem disposições regimentais vigentes a respeito da eleição de reitor. Existem. Não são cláusulas pétreas por certo. Podem ser mudadas. Mas é com marreta na porta que se argumenta? É com pé-de-cabra, meritíssimo? Os exemplos de populismo judicial são muitos, vão se acumulando. Espero que a decisão tomada agora pela Justiça do Rio de Janeiro represente um sopro de bom senso. Mas é preciso esperar para ver. Assim como setores da imprensa estão com medo de black blocs e assemelhados, também há setores do Judiciário que estão querendo fazer embaixadinhas para a torcida. Por medo ou por ideologia. A coisa começa a tomar dimensões preocupantes porque se eleva a escalada da violência, como sempre ocorre quando há impunidade. No Rio de Janeiro, por exemplo, os black blocs já formam uma ala do sindicato dos professores, comandado pelo PSOL e pelo PSTU. A esquerda submarxista — quem é do ramo sabe que marxistas instruídos, eles existem, jamais se ligariam a bandoleiros dessa espécie (não é prurido moral, é questão política) — se juntou à violência doidivanas, sob o silencio cúmplice de idiotas que se negam a ver o óbvio. Alguns tolos acham que isso é ruim para Sérgio Cabral e se calam. Outros tolos acham que isso é ruim para Sérgio Cabral e para Dilma e também se calam. Quem tem algo entre as orelhas além de um enorme vácuo de idéias e princípios morais sabe que, caso prospere a desordem para valer, a desordem é sempre favorável ao status quo, que, então, se rearranja e passa a fazer o óbvio: fala em nome da ordem. Por Reinaldo Azevedo

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