sexta-feira, 4 de outubro de 2013

DILMA E O MUNDO DAS PESSOAS "VAIÁVEIS" E "NÃO VAIÁVEIS"

Neste post, vocês assistirão a  um vídeo em que a presidente Dilma faz digressões sobre a vaia. Antes, algumas considerações.

Não há mesmo jeito de eu e as esquerdas — ou isso que está aí e que chama a si mesmo de “esquerda” — nos entendermos. Paulo Bernardo, das Comunicações, está entre os ministros de Dilma que eu não vaiaria, embora existam discordâncias severas entre nós — ou ele não seria petista, e eu não pensaria o que penso do seu partido. No geral, no entanto, parece que ele tem uma atuação correta à frente do ministério. Não o vejo a promover chicanas ou a jogar palavras ao vento. Estaria aí a raiz da indisposição de certos setores da extrema esquerda e do petismo com ele? Não sei. Já percebi também que o JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista), financiado por estatais e por gestões petistas, não gosta dele. É que essa gente quer ainda mais dinheiro oficial para puxar o saco do governo e ofender seus desafetos. Além disso, baba vermelho, num antegozo, quando pensa no tal “controle da mídia”. Até onde sei, Bernardo não é um entusiasta da tese. Os fascistoides de esquerda, assim, o hostilizam. Adiante.
Dilma participou de uma solenidade na cidade de Campo Mourão, no Paraná, estado de origem de Bernardo. Quando a presidente anunciou o nome do ministro, um grupo de funcionários dos Correios o vaiou. Há uma greve parcial na estatal. Os líderes reivindicam um reajuste de 15%, mas a empresa diz que só pode conceder 8%. A representação sindical da categoria está tomada por partidecos como PSOL, PCO e outras minoridades barulhentas, mas que sempre custam caro.
Deu-se então o que segue. Assistiam ao vídeo.
Retomo
Não há dúvida de que esta Dilma que aí está exibe muito mais jogo de cintura do que aquela candidata que foi ao programa de Datena, lá no começo de 2010, e disse que sua santa de devoção era uma certa “Nossa Senhora de Forma Geral”, que é a padroeira dos candidatos que decidem virar papa-hóstia na boca-da-urna. Também não é aquela que, ao tentar explicar um apagão, “minha filha”, dava pito em repórter. Seu marqueteiro pode ficar orgulhoso. Ela própria deve estar feliz com o desempenho.
Não vejo nada de engraçado ou de simpático num evento dessa natureza. A governadora a que ela se refere é Rosalba Ciarlini (DEM), do Rio Grande do Norte.Escrevi a respeito. Nesta quarta, numa solenidade no Estado, Rosalba tentou falar. Foi vaiada por sete minutos. A presidente saiu em seu socorro e acabou vaiada também — mas só por isso. No mais, foi aplaudida.
Aos fazer o discurso que vocês veem acima, simpático só na aparência, Dilma, na prática, separa as pessoas em duas categorias: as “vaiáveis” e as “não-vaiáveis” . Ela própria, como se depreende, está no segundo grupo (mundo que deve ser habitado, também, por Lula). Os outros — e dane-se se isso inclui um ministro seu — estão sujeitos ao que ela chamou “direito de pleitear, de reivindicar”. Já escrevi aqui que, se eu fosse um político de oposição, jamais subiria num palanque com Lula ou com Dilma. Vejo agora que também não aceitaria ser ministro. Dilma deveria ter dito ao menos umas quatro ou cinco palavras em defesa de Bernardo. Nem que fosse para ser vaiada outra vez.
Não é que ela não conheça a estrepitosa manifestação hostil do público — e não de uma plateia formada de petistas e militantes de esquerda. Como esquecer o dia da abertura da Copa das Confederações, não é, soberana?
Ela poderia ter engatado esse discurso gracioso naquele dia. Não o fez. Virou a verdadeira “Dilma Bolada”. E faltou ao jogo de encerramento. Afinal, ela pertence ao mundo dos “não-vaiáveis”. Por Reinaldo Azevedo

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