quarta-feira, 2 de outubro de 2013

BANCO PORTUGUÊS ESPÍRITO SANTO, QUE CONTROLA A PORTUGAL TELECOM, APLAUDE FUSÃO COM A OI

O principal acionista da operadora Portugal Telecom, o grupo financeiro Banco Espírito Santo (BES), recebeu com satisfação a fusão com a brasileira Oi, por permitir a criação de "uma grande empresa multinacional de língua portuguesa". O presidente do BES, Ricardo Salgado, assegurou em comunicado que, com a fusão, os dois grupos ganham "uma maior capacidade de investimento no mercado internacional", e exaltou o fato de portugueses e brasileiros compartilharem conhecimento e tecnologia. "Esta aliança contribuirá para reforçar as relações entre Portugal e Brasil, assim como ao desenvolvimento econômico dos dois países", declarou o banqueiro, um dos mais poderosos de Portugal. O BES controla atualmente 10,12% da Portugal Telecom, acima da Holding RS, pertencente à portuguesa Ongoing, que tem 10,05%. A Portugal Telecom e a Oi anunciaram nesta terça sua fusão para se tornar uma das maiores empresas de telecomunicação do mundo — e também assumirá uma das maiores dívidas. As duas companhias já contam com pelo menos 100 milhões de clientes distribuídos em quatro continentes. Considerando os dados de 2012, o faturamento das empresas totaliza 37,453 bilhões de reais, segundo apresentação da Oi enviada à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, soma 12,77 bilhões de reais. A Oi informa que a nova empresa terá uma dívida líquida de 41,2 bilhões de reais, com uma relação dívida líquida/Ebitda de 3,3 vezes - o que ainda é considerado alto por analistas. O anúncio de fusão ocorre cerca de três anos após a entrada da Portugal Telecom no capital da Oi, que vendeu sua participação na operadora móvel brasileira Vivo em 2010 para a espanhola Telefónica. Depois da conclusão do negócio, os acionistas da Portugal Telecom terão entre 36,6% e 39,6% da CorpCo, com a maioria do capital nas mãos de investidores brasileiros, entre eles o BNDES e grandes fundos de pensão. A transação prevê a incorporação da Portugal Telecom pela CorpCo e simplificará a complexa estrutura societária atual das duas empresas. O novo grupo terá capital pulverizado, sem a figura de grupo de controle. Especulações sobre a mudança de controle na Oi ganharam corpo depois que o conselho de administração da Telemar Participações, empresa controladora da Oi, confirmou que o então presidente Francisco Valim Filho deixaria o cargo. Os empresários Carlos Jereissati e Sérgio Andrade, dos grupos Jereissati e Andrade Gutierrez, iniciaram negociações para a venda dos suas participações na Oi — de 19,35% cada um — para a Portugal Telecom, dona de 12,07% da holding. As conversas entre os grupos tiveram início em dezembro, em Lisboa. O BTG Pactual estava intermediando a negociação. A operação é anunciada cerca de uma semana depois que a espanhola Telefónica fechou acordo com os outros acionistas da holding controladora da Telecom Italia para aumentar participação no grupo italiano. No Brasil, a Telefónica controla a Vivo e a Telecom Italia é dona da TIM Participações, ambas rivais da Oi. Também acontece no mês seguinte a um importante movimento no setor de telefonia nos Estados Unidos: a Verizon Communications fechou a compra dos 45% restantes da Verizon Wireless, que pertenciam à britânica Vodafone, por 130 bilhões de dólares. Segundo o presidente do novo grupo, Oi e Portugal Telecom já têm 80 iniciativas de sinergia, entre elas ações específicas no relacionamento com fornecedores, qualidade de serviço, investimentos previstos e gestão financeira. Segundo o executivo, as ações criarão uma empresa com perfil operacional e financeiro mais atrativo. "Vamos juntar o expertise de Portugal e os desafios de escala no Brasil. Temos foco no aumento da produtividade e eficiência para corrigir o fluxo de caixa", disse. O executivo explica que a empresa vai ajustar seus investimentos em Portugal, mas não cortá-los. Segundo ele, a maior parte dos investimentos previstos na PT já foi realizada. Conforme ele, o governo português foi "apropriadamente informado". Perguntado sobre possíveis demissões, Bava afirmou que a fusão não deve provocar demissões e sim, mais trabalho porque elas operam em diferentes mercados. "A nossa sinergia tem muito a ver com melhores práticas e isso não trará um reflexo significativo nesse caso", disse. A empresa já havia anunciado, porém, cortes de 400 funcionários até o final do ano em Portugal.

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