domingo, 1 de setembro de 2013

MALDIÇÃO DO PIBINHO DEVE PERDURAR EM 2013 E 2014

O crescimento de 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre pode provocar, momentaneamente, um suspiro de otimismo no governo. No acumulado de 12 meses, encerrados em junho, o crescimento da economia brasileira foi de 1,9%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas manter esse mesmo ritmo até o final do ano será missão impossível, segundo analistas. O resultado do segundo trimestre, apesar de não exalar qualquer esplendor de PIB asiático, mostra que o primeiro semestre não foi de todo ruim. Do lado da oferta, o período foi beneficiado pelo agronegócio; já pela ótica da demanda, os investimentos ajudaram. Contudo, as expectativas para o próximo semestre apontam para uma desaceleração importante da oferta, no setor de serviços, enquanto a demanda será penalizada pelo desempenho ruim do consumo privado. "Esse é um cenário oposto ao visto no ano passado, quando o baixo crescimento era uma preocupação com a indústria, devido à baixa competitividade e altos custos da mão de obra. Já neste ano, o que vemos é diferente. A indústria está um pouco melhor, mas o setor de serviços perde força", afirma a economista Zeina Latif, da consultoria Gibraltar. As óticas da oferta e da demanda são duas formas distintas de calcular o PIB, mas que devem chegar a um mesmo resultado. A oferta é tudo o que é produzido pelos setores econômicos (agropecuária, serviços e indústria). Já a demanda e calculada pelo gasto das famílias, do governo e das empresas. As exportações também entram nesse cálculo. O consumo das famílias será um dos motores de desaceleração do País nos próximos meses. Além das manifestações que espantaram muitos consumidores, há o alto endividamento da população, a inflação e a preocupação com o mercado de trabalho. Ainda que o índice de desemprego do IBGE esteja próximo de mínimas históricas, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de julho mostram saldos negativos de emprego em determinados segmentos, como borracha e fumo. O setor agrícola tampouco deve servir como indutor do crescimento. Primeiro, porque representa apenas 5% do PIB. Em segundo lugar, de acordo com Zeina, os bons resultados do primeiro semestre - sobretudo o do primeiro trimestre - se devem a fatores sazonais da safra de grãos, e não ao aumento da demanda mundial por commodities. "Não há força para um PIB acima de 2% nem para esse ano e nem para 2014", afirma. Segundo a pesquisa Focus, feita pelo Banco Central com economistas, a economia brasileira deve crescer 2,4% no ano que vem. A divulgação do PIB é um retrato do passado, já que é feita dois meses depois do fim do período calculado. Assim, por mais que o número tenha sido animador, um outro Brasil se forma para o próximo semestre e, também, para o início de 2014. Segundo a economista Monica Baumgarten de Bolle, da consultoria Galanto, os acontecimentos sociais e econômicos de junho a agosto deram outro tom à economia brasileira - muito mais cauteloso e, para alguns, pessimista. "Estamos vivendo um outro Brasil nos últimos meses. Além da inflação que já preocupava, aconteceram as manifestações, a crise no câmbio e uma grande dificuldade em retomar investimentos. Diante disso, fica difícil olhar para 2013 com otimismo", afirma.

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