domingo, 8 de setembro de 2013

FUNDAÇÃO BB DÁ R$ 36 MILHÕES PARA ONGs LIGADAS AO PT

Controlada pelo PT, a Fundação Banco do Brasil firmou convênios de R$ 36 milhões com entidades ligadas ao partido e familiares de seus dirigentes. A lista de organizações não governamentais, associações e prefeituras beneficiadas está sob investigação da Polícia Civil do Distrito Federal. O banco faz auditoria nos contratos e parcerias. A Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) do Distrito Federal apreendeu documentos e computadores no gabinete do atual presidente da fundação, Jorge Alfredo Streit, ligado ao PT. Ele foi candidato ao governo de Rondônia pelo partido. A posse de Streit na fundação, em junho de 2010, foi prestigiada por quadros importantes do PT, entre eles cinco parlamentares e o então ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci. Streit sucedeu a Jacques Pena, filiado ao PT do Distrito Federal, cuja administração foi marcada por repasses a entidades ligadas aos seus parentes, agora sob investigação. Com sede em uma sala sem placa de identificação em Brasília, que fica trancada em horário comercial, só a Associação de Desenvolvimento Sustentável do Brasil (Adesbra) firmou parcerias de 5,2 milhões de reais desde 2003. O diretor executivo da entidade, Joy de Oliveira Pena, é irmão de Jacques e tem ligações com outras entidades contempladas com recursos. Os irmãos Pena são conhecidos por levar para a fundação a República de Caratinga, sua cidade de origem. Com a Associação dos Produtores Rurais e Agricultores Familiares de Santo Antônio do Manhuaçu, sediada no município, a fundação firmou convênio de 1,05 milhão de reais. A associação é comandada por dois primos de Jacques e Joy. "Tem razão de estar desconfiando, porque é parente, né?", admite o ex-presidente, atual tesoureiro da associação e primo da dupla, Sérgio Pena de Faria. Segundo ele, o projeto desenvolvido na cidade, para aperfeiçoar técnicas de produção agrícola, foi apresentado por outra entidade, mas a fundação não a aceitou, pois a proponente tinha só dois anos de existência. Os dirigentes, então, pediram que a associação a substituísse. "Cedi os documentos, mandaram para lá, onde foi aprovado", conta Pena, negando favorecimento. "Essa associação não é igual a gente ouve falar aí que é só para desviar dinheiro. Pode dormir 'sono solto' que os documentos estão direitinho. Esse projeto foi o mais vigiado do Brasil", assegura, acrescentando que os fiscais da fundação fiscalizaram a execução e que houve prestação de contas. Para Caratinga, a fundação mandou mais 1,3 milhão de reais para construir o Centro de Excelência do Café na gestão do ex-prefeito João Bosco Pessine (PT). A investigação da Polícia Civil começou a partir de denúncia de uma servidora da fundação, que está sob proteção policial e da área de segurança do Banco do Brasil. O órgão explica que as apurações são da sua alçada, e não da Polícia Federal, pois a fundação recebe recursos do banco, uma empresa de economia mista. A funcionária teria recebido ameaças após delatar suposto esquema de desvio de recursos. Ela contou à polícia que a prestação de contas de algumas entidades não era analisada adequadamente. Não está descartado o afastamento do atual presidente da fundação, Jorge Alfredo Streit.

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