sábado, 21 de setembro de 2013

COMISSÃO DA VERDADE DE SÃO PAULO DIZ QUE DOCUMENTOS OFICIAIS COMPROVAM QUE NÃO EXISTIAM OS "PORÕES DA DITADURA", QUE HAVIA UMA CADEIA DE COMANDO NA REPRESSÃO POLÍTICA

Com base em documentos oficiais, alguns deles compilados da Comunidade Setorial de Informações do Ministério da Marinha, e que foram apresentados na tarde de sexta-feira, durante uma audiência pública, na Assembleia Legislativa de São Paulo, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo concluiu que toda a estrutura de repressão política na ditadura militar brasileira foi planejada e obedecia a uma ordem de comando. “Não existem porões da ditadura”, concluiu Ivan Seixas, um dos coordenadores da Comissão Estadual da Verdade. “A cadeia de comando mostra que não existia vontade própria. Se o torturador resolvesse matar, não obedecendo à cadeia de comando, ele seria punido. Pela cadeia de comando vê-se que, do ditador, que era supostamente o presidente da República, até o torturador, que estava lá na ponta, todos tinham uma sequencia de comando. Obedeciam ordens e obedeciam orientações. E quem estava embaixo prestava contas do que fez”, disse Seixas. Segundo o coordenador da comissão, não houve situações durante a ditadura militar brasileira em que alguém pudesse ter sido preso, torturado ou morto sem conhecimento da cúpula. “Todos sabiam. Isso é um fato. Essa estrutura não foi algo que nós concluímos. É um documento da repressão no qual está escrito que todos os órgãos vão se reportar ao SNI (Sistema Nacional de Informações), que se reporta ao presidente da República. Então, não existe uma coisa em que, em um determinado local, fizeram algo e não comunicaram porque senão estariam subvertendo a hierarquia”, explicou Seixas. Durante a audiência pública, que teve a presença de Rosa Cardoso, membro da Comissão Nacional da Verdade, e do vereador Gilberto Natalini, presidente da Comissão Municipal da Verdade de São Paulo, Seixas apresentou um organograma da ditadura militar, estrutura que observou em um documento da Marinha, e que definiu o SNI como o órgão central da rede repressiva, ao qual todos os demais órgãos respondiam. Não há absolutamente nada de novo nessas declarações da Comissão da Verdade de São Paulo. Há anos o Movimento de Justiça e Direitos Humanos, de Porto Alegre, deslindou essa cadeia de comando.

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