quarta-feira, 7 de agosto de 2013

JORNALISTA AMERICANO QUE AJUDOU A INVENTAR O “HERÓI” SNOWDEN DIZ TER DOCUMENTOS INÉDITOS E AFIRMA QUE OS ESTADOS UNIDOS TÊM, SIM, CAPACIDADE DE ACESSAR O CONTEÚDO DE MENSAGENS

O jornalista americano Glenn Greenwald, que divulgou os documentos secretos obtidos pelo técnico de informática Edward Snowden, afirmou nesta terça-feira que as revelações feitas até agora pelo jornal The Guardian são apenas uma pequena parte dos cerca de 20 mil documentos a ele entregues pelo delator da espionagem americana internacional. “Os artigos que temos publicado são uma porção muito pequena das revelações que ainda devem vir a público”. Greenwald, que mora no Rio de Janeiro e escreveu sobre os programas de vigilância americanos para o jornal britânico, falou nesta terça-feira aos membros da Comissão de Relações Exteriores do Senado. O assunto chegou a Brasília depois que o jornal O Globo revelou que as garras da espionagem americana alcançavam o Brasil. Diante da notícia, e do fato de que pouco ou nada de prático se pode fazer para deter esse tipo de ação, o Brasil reagiu esbravejando contra Washington, em uma tentativa de iludir a platéia e desviar o foco dos próprios fracassos domésticos. A indignação inicial do Executivo se prolongou no Legislativo, onde foi proposta a criação de uma CPI da Espionagem. A idéia alcançou o número necessário de assinaturas no Senado – agora falta os partidos indicarem os integrantes. Na audiência pública desta terça-feira, os parlamentares ouviram de Greenwald que as agências de inteligência dos Estados Unidos têm capacidade de acessar o conteúdo das comunicações eletrônicas, não apenas os chamados metadados — informações que podem indicar, por exemplo, quem está envolvido na comunicação, em que data ocorreu o contato, a partir de qual localidade e quanto tempo durou, mas sem que se tenha acesso ao conteúdo. Em julho, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, havia dito a autoridades brasileiras que as agências de inteligência dos EUA monitoram comunicações, mas não o conteúdo, apenas metadados. “O objetivo do governo dos EUA é muito claro: eliminar a privacidade de todo o mundo”, disse o repórter do Guardian. Ele acrescentou que o governo brasileiro passou a ser um foco importante de monitoramento nos últimos anos e afirmou que as pessoas que não moram nos EUA estão ainda mais vulneráveis aos monitoramentos. “Se você não é americano você não é protegido por lei. A NSA pode pedir qualquer comunicação que eles queiram”, disse, citando a Agência de Segurança Nacional americana. Após a audiência, o jornalista afirmou que a Casa Branca não acha necessário apresentar explicações públicas ao Brasil sobre o episódio: “O governo americano acredita que não precisa dar explicação para o público brasileiro porque eles podem resolver tudo muito facilmente com o governo brasileiro”. Greenwald disse que mantém contato regularmente com Edward Snowden por meio de um sistema de dados criptografados, para evitar monitoramentos. Na semana passada, o americano conseguiu asilo temporário na Rússia. A decisão de abrigar não foi bem recebida pela administração Obama, que declarou ter ficado “desapontada” com o governo russo. Por Reinaldo Azevedo

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