quarta-feira, 21 de agosto de 2013

DÓLAR CARO PODE CORROER 44% DO LUCRO DE EMPRESAS

A alta do dólar provocou em 104 empresas com ações negociadas em Bolsa um aumento de custos equivalente a 44% do lucro efetivo obtido no segundo trimestre deste ano. O retrato da despesa financeira, com a corrosão causada pelo câmbio, é parte de levantamento feito pela consultoria Economatica. Entre 30 de junho e 19 de agosto (período em que o cálculo foi feito com base nos balanços divulgados) o dólar teve valorização de 8,23%. Embora tenha havido um aumento potencial de 8,17 bilhões de reais na parcela da dívida em moeda estrangeira, a maioria das empresas consultadas afirma ter contratado proteção em mercados futuros (hedge) para neutralizar essa variação cambial. A Oi, por exemplo, afirma ter "99% da dívida bruta" com proteção cambial. A Fibria informa ter "93% da dívida em dólar" e 80% dos custos em reais. A Suzano alega ter 55,1% da dívida em dólar, mas alega ser um "hedge natural" porque 50% das receitas são exportações. A Eletrobras afirma ter dívida equivalente a 10 bilhões de reais em dólar, mas 12,4 bilhões de reais em "recebíveis indexados ao dólar" por créditos concedidos à Itaipu. A JBS disse que faz proteção "acima de 80%" e que "se prejudica a dívida, favorece as exportações e traz mais reais para o balanço". Quando incluída a Petrobras na conta, essa variação potencial da dívida roubaria 75% do chamado Ebit, índice que mede o lucro antes de juros e tributos, como Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL). Somada a parcela da Petrobras, a elevação desse endividamento chegaria a 22,54 bilhões de reais. A estatal informa que "cerca de 70% do total das dívidas líquidas são expostas à variação cambial, protegendo cerca de 20% das exportações, por um período de sete anos". A amostragem aponta que a dívida total em moeda estrangeira de 103 empresas da lista teria passado de 99,3 bilhões de reais, no fim de junho, para 107,5 bilhões de reais, em 19 de agosto. Com a Petrobras, a conta aumenta. Sozinha, a estatal somaria 188,8 bilhões de reais em agosto. "A despesa financeira por causa da alta do dólar poderá corroer 43% do lucro Ebit de todas essas empresas. Na Petrobras, poderia até levar a um prejuízo. Com ela na conta, 75% do lucro poderá ser corroído pela despesa financeira devido à variação cambial", avalia o gerente de Relações Institucionais da Economatica, Einar Rivero.

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